O ciclo menstrual irregular é uma queixa muito comum em consultas ginecológicas, independentemente da faixa etária. Por isso, entender como esse fenômeno se manifesta é essencial para as mulheres garantirem uma melhor saúde ginecológica ao longo das diferentes fases da vida, como afirma a médica ginecologista e obstetra Dra. Rachel Tavares. Especializada em ginecologia endócrina, infertilidade, reprodução humana, gestação de alto risco, ultrassonografia e ultrassonografia 3D/4D, ela aponta os sinais a serem observados pelas mulheres durante esse período.
“A menstruação irregular é bastante comum tanto no início da vida reprodutiva da mulher, nos primeiros anos após a Menarca (a primeira menstruação), quanto no final da vida reprodutiva, durante o climatério, quando a paciente está entrando na menopausa. Estes dois extremos da jornada reprodutiva são as fases em que a irregularidade menstrual fica mais recorrente, devido às transformações hormonais. Mas é importante ressaltar que a menstruação não segue um calendário rígido. A falta de uma data fixa, por exemplo, não implica automaticamente em irregularidade. É importante analisar muitos outros fatores para definir se, de fato, há algum problema interferindo nesse processo”, explica Dra. Rachel.
Segundo ela, o ciclo menstrual normal varia entre 21 e 28 dias, sendo que as variações de até sete dias no atraso ou no adiantamento são consideradas normais. “Para definir a irregularidade menstrual, é necessário que a menstruação esteja atrasada ou adiantada por mais de sete dias e não basta apenas um ciclo. Tem que ser em, pelo menos, três ciclos consecutivos”, informa a médica. “Em algumas situações, a menstruação pode se tornar irregular em um único ciclo, devido a um problema pontual, como o uso de medicamentos, estresse, privação de sono, inflamações ou infecções. A preocupação se dá quando ocorre em vários ciclos consecutivos e quando não há nenhuma mudança nos hábitos de vida da mulher. Nesses casos, se atrasar ou adiantar mais de sete dias, começar a vir com fluxo muito intenso ou ter sangramento de escape fora do período da menstruação, em ciclos repetidos, é necessário avaliar com o ginecologista”.
Dra. Rachel lembra, por fim, que a irregularidade menstrual pode ser uma condição fisiológica, especialmente nas fases extremas da vida reprodutiva, porém existem doenças associadas à menstruação irregular que devem ser analisadas pelo médico. “Síndrome do Ovário Policístico, miomas, pólipos, doenças endócrinas, hipertensão, diabetes e problemas na tireoide podem interferir nos ciclos menstruais. Ou seja: não é apenas a questão ginecológica que está envolvida nesse processo, mas também a parte hormonal e endócrina da paciente”, conta Dra. Rachel. “Fatores como ganho excessivo de peso, emagrecimento rápido, mudanças abruptas no hábito alimentar e no estilo de vida também podem interferir no ciclo menstrual – e nem sempre a gente tem que tratar com alguma medicação hormonal ou contraceptiva. Em determinadas situações, é necessário tratar a doença de base, que pode estar associada também a alterações psicológicas, emocionais ou estresse. Daí a importância do acompanhamento ginecológico regular, que vai definir a abordagem mais adequada para cada caso, visando sempre preservar a saúde da mulher”.