Está com dor de cabeça?

Está com dor de cabeça?
O médico neurologista Dr. Caio Monteiro Pontes

O verão está aí, a todo o vapor, levando milhares de pessoas às praias de todo o país durante os finais de semana, não é mesmo? Mas a verdade é que nem sempre o calor e o clima tropical são sinônimos de boas energias. Pelo contrário: para muitas pessoas, o verão costuma trazer uma série de desconfortos à saúde, podendo se tornar uma verdadeira dor de cabeça no dia a dia. Literalmente.

Uma pesquisa feita pelo Centro Médico Beth Israel Deaconess, nos Estados Unidos, revelou, por exemplo, que a incidência de dores de cabeça (seja por enxaqueca, tensão ou outras causas) aumenta cerca de 7,5% a cada 5°C de elevação na temperatura. De acordo com a entidade, vários fatores ambientais e comportamentais influenciam no aparecimento das dores, incluindo desconforto térmico, viagens prolongadas sob exposição solar intensa, alimentação desregulada e consumo exagerado de bebidas alcoólicas, que é muito comum durante a estação.

Está com dor de cabeça?O fator geográfico, por sua vez, também interfere nesse processo. Isso porque a América Latina e o Caribe apresentam uma prevalência de dor de cabeça acima da média global, ficando atrás apenas do Oriente Médio e Norte da África, segundo estudo realizado por cientistas da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia. Já no Brasil, conforme dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia, aproximadamente 140 milhões de indivíduos sofrem com dores de cabeça. O número corresponde a mais de 50% da população do país, que é estimada em cerca de 214 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Nesse contexto, portanto, a chegada do verão representa uma dificuldade a mais para boa parte do público, que se sente temeroso quanto às famosas crises de cefaleia. Muitas dessas pessoas, inclusive, acabam recorrendo a soluções inadequadas, como o uso indiscriminado de analgésicos, sem antes passar pelo crivo de um especialista. Essa avaliação, porém, é essencial, pois ajuda a descartar possíveis questões de saúde que possam estar por trás desses desconfortos, garantindo um tratamento adequado e específico para cada caso.

Quem já nos fez esse alerta foi o médico neurologista Dr. Caio Monteiro Pontes. “A população em geral não tem conhecimento de como lidar com esse sintoma. Além disso, vem ocorrendo uma banalização da cefaleia, com tratamento indevido através da automedicação. Mas, além da possibilidade de efeitos adversos, há também o fato de o consumo crônico de analgésicos desencadear o fenômeno da tolerância, tendo como resultado o uso de quantidade cada vez maior nos momentos de dor”, afirma Dr. Caio. “Com o tempo, desenvolve-se também a resistência medicamentosa, em que mesmo os analgésicos em quantidade elevada não promovem o alívio do sintoma”, complementou.

Um estudo feito pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN), divulgado pela Agência Brasil, revelou que 81% dos participantes tinham o hábito de se automedicar para aliviar dores de cabeça. Além disso, muitas disseram aceitar recomendações de medicamentos feitas por não profissionais. Dados como esses demonstram como é necessário e urgente alertar para a importância do devido acompanhamento médico, já que as dores de cabeça, em muitos casos, podem ser sintomas de uma doença mais grave. Se ela começar a incomodar mais que o normal, já é um sinal de alerta. Procure auxílio especializado e se cuide!