Quem navega pelo TikTok ou pelo Instagram já deve ter visto quiropratas manipulando o pescoço de um determinado paciente, resultando em um estalo audível, que pode surpreender os espectadores devido à sua intensidade. É importante enfatizar, no entanto, que a quiropraxia vai muito além do exibicionismo ou das performances na internet, exigindo uma abordagem bem mais ampla e cuidadosa para garantir um tratamento seguro e eficaz a cada indivíduo.

Para abordar o assunto, o Mania de Saúde foi até à FisioClínica, que há anos é referência em fisioterapia para todo o interior fluminense. Por lá, conversamos com o fisioterapeuta Dr. Leandro César Cruz, que se especializou na área e hoje coordena uma pós-graduação em quiropraxia na cidade. Com 18 anos de experiência e pós-graduado em diversas áreas, ele ressalta como a quiropraxia vem evoluindo e ampliando o atendimento à população.

“A quiropraxia se destaca por sua abordagem global, observando o indivíduo como um todo, em vez de se concentrar em uma área específica. Nosso foco está na chamada cadeia lesional, já que desequilíbrios em uma determinada região do corpo podem gerar desalinhamentos ou disfunções em outras áreas. Muitas vezes o paciente está com uma dor no ombro, por exemplo, mas a causa está em uma desarmonia nos pés. O mesmo acontece na parte hepática, em que a pessoa tem uma alteração no fígado, mas sente uma dor no ombro. Nós manipulamos a região do fígado para melhorar esse desconforto. Ou seja: é uma abordagem bem mais ampla, que exige uma avaliação criteriosa de cada paciente”, relatou.

Outro destaque, segundo Dr. Leandro, é a parte neural. “Muitas vezes achamos que as dores estão relacionadas apenas aos músculos, quando, na verdade, podem ter origem neural, ou seja, estão associadas ao sistema nervoso do paciente”, afirma o fisioterapeuta. “Hoje temos também a terapia craniana, já que muitas dores estão ligadas às emoções. Sendo assim, a gente trabalha com os toques, fazendo o corpo promover, através do sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático, um estado de tranquilidade, fazendo com que aquela dor desapareça. Essa é uma atuação muito inovadora da quiropraxia e demonstra como ela vai além da área muscular ou vertebral, atendendo às mais diversas queixas dos pacientes”, disse.

Além de a especialidade ser exclusiva aos profissionais de fisioterapia, compreendendo uma pós-graduação realizada ao longo de 18 meses, a quiropraxia hoje dispõe também de inúmeras ferramentas tecnológicas, como lembra Dr. Leandro. “Hoje utilizamos diversos equipamentos na clínica, incluindo o Activator, o Kinect, os instrumentos de liberação miofascial, o Hammer, que é aquele famoso martelinho, a Cunha Dejarnette, além das macas específicas de quiropraxia, que são capazes de fazerem, elas próprias, a manipulação do paciente. A FisioClínica dispõe de todo esse aparato tecnológico, beneficiando desde pacientes que chegam aqui sem conseguir se movimentar até pacientes com dores mais leves, incluindo ainda atletas, ciclistas, frequentadores de academia e praticantes de beach tennis, que vêm demandando bastante pelo atendimento quiroprático na atualidade”.

Mas o que dizer, então, daquele universo de vídeos de quiropraxia rolando no TikTok? Tudo aquilo procede? Dr. Leandro responde. “Muitos desses conteúdos não têm respaldo científico e prejudicam a imagem da quiropraxia, levando à ideia equivocada de força e brutalidade. Mas quiropraxia não é força: é técnica. Os estalidos que você ouve, por exemplo, são resultantes de gases formados nas articulações e liberados durante a manipulação. Mas nem sempre eles acontecem. Ou seja: mesmo que você não ouça os estalidos, a manipulação foi realizada. O objetivo da quiropraxia não é fazer uma performance, mas sim promover qualidade de vida ao paciente, sempre resguardando a sua saúde”.