
Psicanalista fala sobre uso da tecnologia no tratamento de crianças e adolescentes
Crianças e adolescentes diagnosticados com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) frequentemente enfrentam desafios significativos no seu desenvolvimento acadêmico e social. Recentemente, a Estimulação Transcraniana, uma abordagem inovadora que visa modular a atividade cerebral, emergiu como uma potencial intervenção para melhorar os sintomas do TDAH. Quem nos fala sobre o assunto é o Psicanalista Reginaldo Ferreira, da Neuromap Academia do Cérebro.
Mania de Saúde – Quais são os princípios científicos por trás da estimulação transcraniana e como ela é aplicada no tratamento do TDAH?
Reginaldo Ferreira – O TDAH é caracterizado por padrão persistente de desatenção e ou hiperatividade/impulsividade. Apesar da eficácia comprovada do tratamento farmacológico, muitos indivíduos continuam tendo comprometimento social e acadêmico e alguns experimentam efeitos colaterais significativos que inviabilizam uso de psicofármacos. A ETCC é um recurso de neuromodulação cortical que tem se mostrado promissor no tratamento de várias condições neuropsiquiátricas. A neuromodulação é usada para tratar uma variedade de condições neurológicas e psiquiátricas, como dor crônica, autismo, transtornos do humor, epilepsia, espasticidade, distúrbios do sono, entre outros. A técnica funciona alterando a atividade dos neurônios e dos circuitos neurais envolvidos na doença, melhorando os sintomas e a qualidade de vida das crianças e adolescentes.
Mania de Saúde – Quais são os resultados clínicos e científicos mais promissores relacionados ao uso da estimulação transcraniana para o tratamento do TDAH nesse grupo etário?
Reginaldo Ferreira – O uso da ETCC já foi descrito na literatura como método de tratamento do TDAH com resultados promissores. O ETCC (estimulação transcraniana por corrente contínua) é uma técnica de neuromodulação que envolve a aplicação de uma corrente elétrica fraca e contínua no cérebro por meio de eletrodos posicionados na superfície do couro cabeludo. A corrente elétrica pode aumentar ou diminuir a excitabilidade dos neurônios na área alvo, dependendo da polaridade da corrente aplicada.
Mania de Saúde – Quais são as considerações de segurança envolvidas na aplicação da estimulação transcraniana em crianças e adolescentes com TDAH, e como os riscos são minimizados?
Reginaldo Ferreira – A TDCS é uma técnica não invasiva e segura, o que a torna uma opção atraente para pesquisa e aplicação clínica. Alguns dos possíveis usos da TDCS incluem melhorar o desempenho cognitivo, modulação comportamental, tratar a depressão, a ansiedade e a dor crônica, bem como auxiliar na concentração e atenção das crianças e adolescentes em suas atividades acadêmicas.
Mania de Saúde – Como a estimulação transcraniana se compara a outras abordagens terapêuticas tradicionais, como terapia comportamental e medicação, no tratamento do TDAH em crianças e adolescentes?
Reginaldo Ferreira – Segundo a Academia Americana de Pediatria (2011), diferentes âmbitos da vida da criança podem ser comprometidos em decorrência do TDAH, como desempenho acadêmico, relações interpessoais e bem-estar, fazendo surgir a necessidade de um tratamento eficaz. As principais estratégias terapêuticas atuais baseiam-se, além de medicamentos, em terapias comportamentais, havendo relatos na literatura de efeitos adversos em crianças e adolescentes com o uso de alguns desses medicamentos, entre eles aumento da pressão arterial e frequência cardíaca, insônia e redução do apetite. A estimulação transcraniana por corrente contínua (TDCS) tem sido utilizada como uma opção de tratamento para o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).