Brasil tem cerca 20% de gestantes de alto risco
Embora a gravidez seja um evento natural, e na grande maioria das vezes não ocorre nenhum agravo, elas são chamadas de “gravidez de risco habitual”, ou seja, a gravidez traz sempre algum tipo de risco, seja ele materno e/ou fetal. Alguns casos, porém, apresentam maior probabilidade de evolução desfavorável que a média geral da população, seja no transcorrer, na hora do parto, no puerpério e/ou na vida da criança em seu primeiro ano. Essas são as chamadas “gravidez de alto risco”. Dados epidemiológicos relativos à realidade brasileira revelam um percentual de 20% de gestantes de alto risco.
Mesmo com um número enorme de evidências científicas disponíveis, a prática de exercícios na gravidez de risco habitual ainda gera muita polêmica e controvérsias, gerando dúvidas em que momento pode-se iniciar os exercícios, do risco de parto prematuro que o exercício possa causar e a adequação do peso ao nascimento dos recém-nascidos de mães que praticaram exercícios durante a gestação. Isto fica amplificado quando se trata de gestação de alto risco. Quais seriam os riscos e benefícios do exercício para mãe e feto?
Quem nos responde é o professor de Educação Física André Lima, que desenvolve o programa Gravidez Ativa. “A prática de exercícios atua diretamente na prevenção e/ou como terapia adjunta no controle de diversas doenças, como diabetes, obesidade, hipertensão etc. Será que da mesma forma, o exercício poderia exercer funções semelhantes com algumas doenças ao longo da gravidez? Atualmente existem diversos estudos mostrando que o exercício tem associação positiva entre algumas doenças específicas da gravidez, seja prevenindo, seja auxiliando o controle. É possível a recomendação de exercícios em algumas situações específicas da gravidez de risco. Quando bem indicada, não tem implicações nem para a mãe, nem para o bebê. Porém é importante ressaltar que as alterações ocasionadas pelo exercício no corpo da gestante estão diretamente relacionadas ao: tipo, intensidade e a duração do exercício. Por isso é fundamental que a gestante tenha um acompanhamento bem próximo do profissional de educação física que entenda sobre os exercícios na gravidez de alto risco. E ainda: é fundamental um acompanhamento multiprofissional para o sucesso do tratamento. Mas lembre-se: antes de iniciar qualquer atividade física, peça liberação médica”.
PRINCIPAIS FATORES DE RISCO
CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS E CONDIÇÕES SOCIODEMOGRÁFICAS:
Idade <15 anos e >40 anos;
Obesidade com IMC >40;
FIV (fertilização)
HISTÓRIA REPRODUTIVA ANTERIOR:
Abortamento espontâneo de repetição (três ou mais em sequência);
Parto prematuro em qualquer gestação anterior (especialmente <34
semanas);
Restrição de crescimento fetal em gestações anteriores;
Pré-eclâmpsia precoce (<34 semanas), eclâmpsia ou síndrome HELLP.
CONDIÇÕES CLÍNICAS PRÉVIAS À GESTAÇÃO:
Hipertensão arterial crônica;
Diabetes mellitus prévio à gestação;
Cirurgia bariátrica;
INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS /OBSTÉTRICAS NA GESTAÇÃO ATUAL:
Síndromes hipertensivas (hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia);
Infecção urinária alta;
Diabetes mellitus gestacional com necessidade de uso de insulina.
Feto acima do percentil 90% ou suspeita de macrossomia;
Placenta prévia;