Dra. Fernanda Cruz explica como lidar com o transtorno
No cenário da saúde mental, a bipolaridade continua a ser um tópico de extrema relevância, sendo uma das condições mais complexas e desafiadoras, afetando a vida de milhões de pessoas em todo o mundo. Essa condição, caracterizada por oscilações extremas de humor, frequentemente passa despercebida ou é mal compreendida, apesar de seu impacto profundo na qualidade de vida daqueles que a enfrentam.
Convidamos a Dra. Fernanda Cruz, médica especializada em psiquiatria clínica e integrativa, para nos esclarecer sobre este tema. “É uma doença caracterizada por uma variação acentuada no humor, que pode ir da depressão à mania, mais fácil de entendermos como um aumento de energia e uma diminuição de energia e, dentro deste caminho, podem haver apenas alterações discretas de energia (humor), chamadas de espectro, não necessariamente precisa estar no extremo da alteração para ser uma bipolaridade, aliás as alterações sutis são as mais comumente vistas no dia a dia dos pacientes bipolares, por isso este transtorno acaba sendo uma condição que se camufla em diversas outras e então acaba existindo uma demora de muitos anos, de 10 à 14 anos, para se fechar o diagnóstico de bipolaridade”, explicou.
De acordo com Dra. Fernanda, infelizmente há uma “rotulação” das pessoas, que acham que toda oscilação de humor repentina pode ser bipolaridade, porém não é assim tão simples, muitos outros transtornos podem se assemelhar, como é o caso do transtorno de personalidade chamado borderline. “É sempre importante saber que as oscilações de humor são normais em nossa vida cotidiana, temos que saber olhar e avaliar de maneira cuidadosa como elas são, a frequência com que ocorrem, os prejuízos que elas causam e se realmente são somente alterações do humor, como as que ocorrem no Transtorno Afetivo Bipolar. Para se fazer o diagnóstico do Transtorno Bipolar é necessário que a pessoa tenha apresentado ao menos 1 episódio de mania ou hipomania. E por isso é sempre importante nos atentarmos para o histórico de vida dos pacientes, a relação com os medicamentos usados anteriormente para outros transtornos, bem como a resposta a eles, pois quanto mais cedo é feito o diagnóstico, melhores são as respostas e o alcance de mais equilíbrio”, ressalta Dra. Fernanda.
especializada
em psiquiatria
clínica e
integrativa,
Dra. Fernanda
Cruz
Segundo ela, a Bipolaridade é caracterizada por uma neuroprogressão. “Ou seja, com o passar do tempo e com a recorrência das crises, maiores são as chances de que elas se repitam e piorem, bem como o uso de muitas medicações inadequadas anteriores ou suspender o tratamento que estava sendo feito e ter que recomeçar, estes dentre outros, são fatores sempre muito importantes de serem vistos e conversados com o paciente que recebe este diagnóstico. Lembrando que a informação e o conhecimento da sua condição são alguns dos maiores aliados que os pacientes podem ter para ajudar a alcançar melhores resultados em seu tratamento. Aliados a isso, para se alcançar a estabilidade do humor, não basta somente as medicações, precisa haver uma mudança positiva nos seus hábitos de vida. É importante ter uma alimentação balanceada, atividade física, evitar estresse crônico, fazer terapia com psicólogo para cuidar dos pontos que podem ser gatilhos emocionais, evitar bebida alcoólica e cafeína em excesso, além de cuidar do sono, que é uma grande e importante chave para o humor e por manter esta roda que envolve as alterações emocionais girando de maneira mais equilibrada e produtiva”.