A importância do brincar no desenvolvimento

A importância do brincar no desenvolvimento
A Fonoaudióloga Nayani Vieira, sócia-proprietária e coordenadora da Aliance

Brincadeiras podem estimular a linguagem e a fala das crianças

Um assunto que tem se tornado um alerta e uma necessidade nos tempos atuais é o ato de brincar das crianças. Vivemos em um mundo tão tecnológico, que as brincadeiras têm sido quase uma modalidade nova na rotina de algumas famílias e crianças. Com isso, observamos um grande aumento dos atrasos de fala, atraso motores e do desenvolvimento cognitivo. É o que afirma Nayani Vieira, Fonoaudióloga e Sócia-Proprietária da Clínica Multidisciplinar Aliance. “Claro que existem casos em que os atrasos do desenvolvimento ocorrem por conta de patologias existentes, sendo assim, precisamos estar em alerta, nos informar, buscar ajuda através de profissionais qualificados e que atuem na área do desenvolvimento infantil, para que os mesmos possam sinalizar quando algo está fora do ‘normal’ do desenvolvimento da criança”, pontua.

Nesse momento, você pode estar se perguntando: qual a conexão do brincar com a linguagem, fala ou atrasos motores? A fonoaudióloga responde. “É através do brincar que a criança desenvolve habilidades básicas como sorrir, interagir, imitar, cantar, rabiscar, falar, andar, saltar e tantas outras habilidades que o brincar ajuda a desenvolver na infância. Consideramos de grande importância as brincadeiras corporais, pois é através dela que a criança não apenas se diverte, mas também recria e interpreta o mundo em que vive, constrói conhecimentos e desenvolve capacidades importantes, como a atenção, memória, imitação e a imaginação. É no ato de brincar que a criança potencializa seu desenvolvimento, e assim aprende a conhecer, a fazer, a conviver e, sobretudo, a ser. Então, com essa gama de ganhos que o brincar oferece, ela ainda pode desenvolver a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporcionando então uma ampliação da linguagem e do pensamento”, diz Nayani.

Valorizar o aspecto recreativo, portanto, beneficia em muito o desenvolvimento dos pequenos. “Com isso, as posturas e os gestos das crianças vão fazendo parte de um conjunto de atividades que representam as habilidades motoras, como subir e descer, andar, correr, rolar no chão, entrar ou passar debaixo de mobílias, imitar os bichos e tantas outras formas de brincar. Por exemplo: através do brincar de roda, a criança consegue coordenar o movimento do corpo conforme o ritmo da música e do grupo, favorecendo, além das habilidades motoras e da organização do seu corpo no espaço, a socialização. Durante esse processo do brincar, a criança realiza habilidades motoras que vão integrar o corpo, símbolos e regras, combinação responsável por sua inserção no mundo histórico, no mundo cultural, descoberta do mundo em sua exploração de texturas, fazendo com que conexões neurais aconteçam e assim aumentando a neuroplasticidade, que é a capacidade de gerar novos conhecimentos ao cérebro. Segundo estudos científicos, a neuroplasticidade (plasticidade neuronal) é a maneira que o sistema nervoso sofre modificações e adaptações, formando níveis estruturais em contato com novas experiências”, ressaltou.

A fonoaudióloga destaca, por fim, a necessidade de atenção profissional caso a criança tenha algum comportamento atípico durante esse processo. “Mesmo com todo estímulo do brincar, com o não uso de telas na primeira infância ou limites de telas, pode ocorrer dessa criança não adquirir as habilidades necessárias para alcançar a cerejinha do bolo, que chamamos de fala ou até mesmo uma comunicação não-verbal. Assim sendo, torna-se de suma importância que você, responsável, procure um fonoaudiólogo especialista na área da linguagem e fala, pois ele é o profissional responsável por essa área e poderá avaliar, observar e ajudar a sua criança a se comunicar de forma assertiva”.