A Profilaxia Pré-Exposição, também conhecida como PrEP, consiste na tomada de comprimidos antes da relação sexual, permitindo ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o HIV

A infecção pelo HIV, conforme alerta o Ministério da Saúde, é considerada estabilizada no Brasil. Mas que o público não se engane: os casos da doença ainda são preocupantes no país. Segundo dados do Boletim Epidemiológico HIV/Aids, por exemplo, mais de 52 mil jovens de 15 a 24 anos com HIV evoluíram para a Aids no país entre 2011 e 2021. No mesmo período, houve um aumento de 20% nos casos de detecção entre jovens do sexo masculino, o que enfatiza a importância de métodos mais eficazes na prevenção contra o HIV.
Um deles é a Profilaxia Pré-Exposição, também conhecida como PrEP, que consiste na tomada de comprimidos antes da relação sexual, permitindo ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o HIV. De 2022 a 2023, o número de novos usuários de PrEP cresceu 47% no Brasil. Entretanto, a denominada “pílula anti-HIV” requer cuidados específicos para cada indivíduo, sendo fundamental que busquem um médico especialista para garantir uma proteção mais eficaz.
“A pessoa em PrEP deve estar sempre realizando acompanhamento regular de saúde, com testagem para o HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)”, ressalta o médico infectologista Dr. Marcus Vinícius M. Miranda, que tem recebido muitos pacientes em busca de PrEP em seu consultório. “A PrEP é a combinação de dois medicamentos (tenofovir + entricitabina) para bloquear alguns ‘caminhos’ que o HIV usa para infectar o organismo. Atualmente, existem duas modalidades: a PrEP diária e a PrEP sob demanda. Mas ambas só terão efeito protetor se o paciente tomar o medicamento conforme a orientação do profissional de saúde. Caso contrário, pode não haver concentração suficiente das substâncias ativas em sua corrente sanguínea para bloquear o vírus e você não estará protegido”.
Conforme estabelece o protocolo do Ministério da Saúde, a PrEP diária consiste na tomada dos comprimidos de forma contínua, sendo indicada para qualquer pessoa em situação de vulnerabilidade ao HIV. Já a PrEP sob demanda envolve o uso do medicamento apenas quando a pessoa tiver uma possível exposição de risco ao HIV. Nesses casos, deve ser utilizada com a tomada de 2 comprimidos de 2 a 24 horas antes da relação sexual, + 1 comprimido 24 horas após a dose inicial de dois comprimidos + 1 comprimido 24 horas após a segunda dose.
A modalidade é indicada para pessoas que tenham habitualmente relação sexual com frequência menor do que duas vezes por semana e que consigam planejar quando a relação sexual irá ocorrer. Além disso, evidências científicas garantem a segurança e eficácia da PrEP sob demanda somente para algumas populações, entre elas, homens cisgêneros heterossexuais, bissexuais, gays e outros homens cisgêneros que fazem sexo com homens (HSH), pessoas não binárias designadas como do sexo masculino ao nascer, e travestis e mulheres transexuais – que não estejam em uso de hormônios à base de estradiol.
“A PrEP é indicada para qualquer pessoa em situação de vulnerabilidade para o HIV. Algumas situações que podem indicar o uso da PrEP são indivíduos que frequentemente deixam de usar camisinha nas relações sexuais (anais ou vaginais), fazem uso repetido de PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV), apresentam histórico de episódios de Infecções Sexualmente Transmissíveis, entre outras. A análise dos critérios de elegibilidade para PrEP deve ocorrer dentro de uma relação de vínculo e confiança entre a pessoa e o profissional de saúde, que permita compreender todo o histórico de vida do paciente, bem como as condições objetivas de adesão ao uso do remédio, já que o tratamento é sempre individualizado. Isso é o que nos permite oferecer resultados ainda mais eficazes, gerando maior segurança e proteção a cada paciente”.