Manutenção requer atenção e técnica especializada
Atualmente, existe uma infinidade de revestimentos que imitam couro com uma excelente durabilidade e resistência. Para se ter uma ideia, a maioria das BMW e Mercedes não utiliza couro animal e sim laminado sintético. Este atrativo vem muito por conta desses materiais sintéticos que facilitam muito a vida do usuário sendo de fácil limpeza, por exemplo. É o que afirma Thiago Azeredo Silva, proprietário da Shine Auto SPA Detail, especializada em Higienização, Polimento, Restauro de Couro, Revestimento Cerâmico, dentre outros serviços. “Isso traz o benefício de você ter um banco personalizado na cor que deseja, além de que, para limpar, é muito melhor do que os tradicionais tecidos. Quando me refiro a couro, quero que as pessoas já tenham em mente que sempre utilizamos essa nomenclatura para pele animal, jamais utilizar para revestimento sintético. Porque, no Brasil, temos uma lei que protege o couro. Por exemplo, se alguém te vender um carro dizendo que o revestimento é de couro e não for, além de infringir o código do consumidor, ele também comete outra infração, a da lei do Couro”, diz Thiago, mencionando a lei de número 4.888, de 9 de dezembro de 1965, que diz em seu Art. 1º: “Fica proibido pôr à venda ou vender, sob o nome de couro, produtos que não sejam obtidos exclusivamente de pele animal”.
O empresário revela, também, alguns detalhes sobre a limpeza e manutenção do Couro. “Precisamos entender qual tipo estamos trabalhando, se é brilhoso, semi brilho ou fosco. Existe um mito, que dizem que couro limpo é couro fosco. Vou contar para vocês o que aconteceu conosco com um Mustang 1969 que o cliente pediu para limparmos. Peguei um APC (All Purpose Cleaner), originalmente conhecido como multiuso, uma escova de cerdas macias e comecei a esfregação e o couro nunca ficava fosco. Liguei, na época, para uma amiga que tinha feito o Curso de Restauro de Couro na Europa, que na mesma hora disse: ‘Pare, porque vai danificar!’. Resumindo, o couro desse Mustang era brilhoso originalmente e quase danifiquei. Então, precisamos entender qual material estamos trabalhando, testar em uma pequena área e aí conseguir entender se é brilhoso ou não. Agora, se for fosco, quando está sujo fica muito brilhoso, a diferença é nítida quando limpamos. Depois de limpo, utilizar um bom hidratante de couro. Muito cuidado com os hidratantes que geram brilho e que deixam os bancos escorregadios, pois são de péssima qualidade e vão danificar. Outros cuidados incluem realizar a cada 6 meses ou 10 mil km a limpeza e hidratação do couro, além de evitar sentar molhado, porque gera um ressecamento precoce”.
Thiago fala, por fim, sobre o restauro do couro. “Ele não necessariamente é utilizado apenas em carros, mas em tudo aquilo que for couro, até mesmo peças de vestuário, calçados, bolsas. Uma cliente amiga que mora nos Estados Unidos, sabendo que restauramos couro, trouxe para nós uma bolsa que estava bem desbotada com o passar do tempo e fizemos o restauro. Ficou como nova! Nós, da Shine Auto SPA Detail, temos certificação do Restauro de Couro desde 2018, sendo a primeira Estética Automotiva do Estado do Rio de Janeiro a praticar esse serviço. Falando ainda sobre o restauro, existem coisas que não temos como restaurar e existem outras que podemos e ninguém imagina. O rasgado, por exemplo, com a técnica do restauro é possível fechar. Agora, se esse rasgo estiver há muito tempo e o couro estiver ressecado, infelizmente não é possível. Em carros, por exemplo, temos muitas partes com costura e, quando o rasgo é na costura, são raras as vezes em que conseguimos restaurar”.