Se não for tratada, ela pode impedir uma rotina saudável
A ansiedade é um assunto que sempre está circulando nas conversas entre amigos e queixas dos pacientes. Um estado de inquietude e angústia que rouba a nossa tranquilidade e deixamos de viver o momento presente para viver no futuro do qual não temos nenhum controle.
Foi sobre este assunto o nosso bate-papo com a Dra. Fernanda Cruz, médica especializada em psiquiatria clínica e integrativa. “É muito desafiador lutar contra ela, já que somos o tempo todo colocados em situações que demandam de nós algo ou mesmo projetamos no outro ou em alguma situação o que queremos, informações nos são lançadas o tempo todo, levando a padrões de pensamentos acelerados e viciantes. Um gatilho que se liga ao outro e quando vemos já estamos angustiados, com falta de ar, taquicardia, insônia, não ouvimos nem o que o outro fala, nos entupimos de comida ou nos paralisamos, temos medo e angústia, tudo porque não conseguimos manter o controle de nossos pensamentos e expectativas, porém, ainda assim, seguimos acreditando que teremos o controle de todo o resto. Quando nos dispomos a cuidar de nós mesmos, tudo fica mais fácil e evitamos também a progressão de um transtorno que pode ser cuidado e muitas vezes controlado”.
Mas o que fazer quando começar a sentir que a ansiedade está atrapalhando a rotina? Dra. Fernanda responde. “O primeiro passo é ir ao psiquiatra, ter uma boa avaliação e, se necessário, iniciar o tratamento medicamentoso, e todo o cuidado integrativo de saúde, tais como exames, doenças existentes, alterações nutricionais e inflamatórias que precisam ser cuidadas e suplementadas para uma otimização do tratamento. O sono, que é um fator importantíssimo para o funcionamento de todo o nosso sistema e equilíbrio do humor, o eixo intestinal que está interligado com o nosso cérebro na produção dos neurotransmissores, marcadores inflamatórios, imunidade e até mesmo nas funções comportamentais. Além das orientações e cuidados quanto à alimentação, atividade física e terapia com psicólogo, que é essencial, pois continuaremos a sermos os mesmos, sentindo, reagindo e tendo as nossas crenças e disfunções que precisam ser cuidadas para ajudar no equilíbrio desta nova jornada. Não há como mudar os resultados sem mudar as ações que os desencadeiam. E mudar dá trabalho, né? Talvez por isso tenhamos preferido normalizar os sintomas da vida tumultuada. A questão é que normalizá-los não elimina o desconforto e os problemas trazidos por eles. Pare, respire e se olhe… com o tratamento adequado e com o auxílio médico, juntos iremos iniciar um novo plano de vida com mudanças gradativas e vitórias diárias e estes novos hábitos irão lhe recuperar a autonomia e qualidade de vida, seguidos da auto-observação e autocuidado, e então você viverá e entenderá o que realmente é o normal”.