Se você tem histórico de doença cardíaca ou metabólica, como doença coronariana ou diabetes, certamente já ouviu do seu médico que era hora de modificar o estilo de vida e, se possível, iniciar uma atividade física de forma leve ou moderada. Mas até que ponto essa é a indicação mais correta? Será que não existe um método mais preciso e menos genérico para alcançar bons resultados? Você se sentiria confiante em indagar o seu médico sobre as alternativas existentes para enfim realizar atividade física de forma segura e eficaz?
Para responder a todas estas questões é que o médico cardiologista Dr. Rafael Chácar elaborou o programa Coração Valente, que pretende transformar de vez o olhar do público para a realização de atividade física e seus reais benefícios para a saúde. Há uma década se dedicando a expandir esse trabalho em nossa região, sendo especialista em Ergometria e Reabilitação Cardíaca, Dr. Rafael conversou com o Mania de Saúde sobre o programa.
“O Coração Valente surgiu para estimular as pessoas a adotar um estilo de vida mais saudável. Para isso, criamos uma logomarca, estamos fazendo camisas, bem como um programa de acúmulo de pontos, entre outras novidades. A ideia inicial é priorizar os pacientes que já estão na reabilitação cardíaca, pois, como é de amplo conhecimento, estou afastado da minha antiga cooperativa, devido a um desligamento totalmente voluntário. Mas esses pacientes não ficarão para trás. Foi pensando neles que surgiu o Coração Valente, a fim de estimular o público para a atividade física sim, mas englobando também a valentia de um cardiologista em enfrentar o sistema, buscando quebrar algumas barreiras para oferecer mais saúde à população”, revelou.
A primeira, segundo Dr. Rafael, diz respeito ao próprio acesso a um serviço de reabilitação cardíaca. “O paciente que se sentir confiante e quiser dar continuidade à reabilitação, mesmo eu não estando mais cooperado, poderá ingressar no programa, já que a barreira monetária vai ser quebrada, por meio de todo um planejamento, que está sendo feito para gerar o mínimo de ônus possível ao paciente. A ideia é tornar a reabilitação cardíaca plenamente acessível, tanto para as pessoas que já eram do meu atendimento, quanto para o público geral, que muitas vezes desconhece a relevância desse trabalho. Para isso, é importante vencer barreiras na própria cidade. E, sendo assim, iniciamos um diálogo com uma academia de ensino e um hospital, a fim de estudar meios para fomentar a reabilitação cardíaca na região”.
Uma prova da importância desse trabalho, segundo Dr. Rafael, foi vista recentemente, em um estudo feito pela European Society of Cardiology, demonstrando o efeito da Reabilitação Cardiovascular nos casos de Doença Arterial Coronária Crônica, comparando pacientes que fizeram cateterismo e pacientes que fizeram reabilitação. Segundo o estudo, estes últimos reduziram de forma expressiva o risco de mortalidade, internação hospitalar e evolução para a insuficiência cardíaca, mesmo sem terem passado pelo procedimento.
“Isso é uma grande revolução na medicina e não pode jamais passar despercebido pelos profissionais de saúde”, alerta o cardiologista. “É importante que as pessoas com alguma patologia cardiovascular ou metabólica, como obesidade, diabetes, entre outras, se questionem por que ainda não estão fazendo atividade física se existe uma ferramenta tão segura e eficaz para auxiliá-las nessa jornada. Esses pacientes, inclusive, não precisam abandonar o seu médico. Jamais! Nosso objetivo é criar um diálogo com todos os clínicos, cardiologistas, endocrinologistas, entre outros, para apresentar os benefícios da reabilitação cardíaca. Isso permite que a gente devolva um paciente mais autônomo e confiante. É deixá-lo com o coração valente na busca por um estilo de vida mais saudável”.