Você já deve ter ouvido falar bastante em AVC, mas será que conhece, de fato, os riscos da doença? Para responder esta e outras perguntas, ouvimos o médico neurologista Dr. Caio Monteiro Pontes, da It Neuro Diagnósticos, que é referência no atendimento neurológico em nossa região. “O acidente vascular cerebral (AVC) é a doença que mais mata no Brasil e a que mais causa incapacidade no mundo. Ele ocorre quando o suprimento de sangue que vai para o cérebro é interrompido ou drasticamente reduzido, privando as células neuronais de oxigênio e de nutrientes (AVC isquêmico). Ou, então, quando um vaso sanguíneo se rompe, causando uma hemorragia cerebral (AVC hemorrágico). A identificação rápida dos sintomas é muito importante para o diagnóstico e tratamento adequado. Quanto mais tempo demorar entre o surgimento dos sintomas e o início do tratamento, maior será a lesão no cérebro”, afirma Dr. Caio.
Ele chama a atenção, também, para os fatores de risco, que se dividem em modificáveis e não modificáveis. “São considerados fatores de risco não modificáveis: idade, sexo e etnia. Quanto aos modificáveis, são aqueles cuja identificação, intervenção e tratamento podem evitar o primeiro evento cerebrovascular ou reduzir a recorrência. Estes envolvem: Hipertensão Arterial Sistêmica, Dislipidemia (colesterol ou gorduras no sangue em níveis elevados), Desordens do metabolismo da glicose e diabetes, Aterosclerose intra e/ou extracraniana (enrijecimento das artérias por acúmulo de gorduras e colesterol), Fibrilação atrial (palpitações cardíacas), Cardiopatias valvares e não valvares (doenças cardíacas), Sobrepeso, obesidade e síndrome metabólica, Sedentarismo, Apneia obstrutiva do sono e Alcoolismo”, explicou.
Outra característica importante é que o AVC não está restrito aos idosos. Segundo Dr. Caio, a doença também pode acometer pessoas mais jovens. “Os fatores de risco vasculares clássicos (diabetes, hipertensão, doença cardíaca, tabagismo, etc.) são cada vez mais comuns nessa faixa etária. Entretanto, causas mais raras são relativamente mais frequentes e, por isso mesmo, há uma maior porcentagem de pacientes que terminam a investigação do AVC como de causa indeterminada (sem ter sido descoberta a causa)”, diz o médico. “Dentre as causas incomuns que podem ser responsáveis pelo AVC em jovens, estão: Dissecção arterial (lesão traumática em uma artéria que supre o cérebro), Trombofilias (doenças genéticas ou autoimunes que formam trombos espontaneamente), Forame oval patente (Uma comunicação no coração misturando sangue arterial e venoso), Vasculites (inflamação ou infecção dos vasos cerebrais); Trombose Venosa Cerebral, Doenças genéticas que provocam AVC e outras alterações neurológicas (Ex: Doença de Fabry, CADASIL, Moyamoya) e AVC hemorrágico por rompimento de lesões vasculares, como uma malformação arteriovenosa ou um aneurisma cerebral”.
Já o tratamento, como ressalta o médico, é feito de acordo com o tipo de AVC. “Via de regra, esse tratamento é feito o mais rápido possível, para evitar que aconteça a morte neuronal trazendo sequelas permanentes ao paciente. No caso do AVC isquêmico, por exemplo, podem ser aplicadas medicações que dissolvem coágulos e entupimentos na circulação sanguínea (trombolítico). Existe também a possibilidade de retirada mecânica, por meio de procedimentos que inserem um cateter no cérebro do paciente e conseguem dissolver o entupimento no local, com agilidade e rapidez. No AVC hemorrágico, em alguns casos, podem ser feitas cirurgias que removem o sangue o qual ficou no local e está ocasionando pressão no cérebro. Geralmente, após se ter controlado os sintomas do AVC agudo, é necessária uma internação hospitalar por cerca de 5 a 10 dias, variando de acordo com o estado clínico de cada pessoa. Neste período, é possível iniciar ou adequar as medicações, recomendando-se o uso de um medicamento antiagregante ou anticoagulante, em caso de um AVC isquêmico, ou removendo-se o uso de anticoagulante oral, o qual poderia estar contribuindo para o AVC hemorrágico. Além disto, podem ser necessários remédios para controlar a pressão, glicemia e colesterol, com o objetivo de diminuir a chance de recorrência da enfermidade”, informou Dr. Caio, lembrando que a reabilitação é fundamental para acelerar a recuperação e diminuir as sequelas do paciente, envolvendo Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e Nutrição, além de ser necessário o apoio familiar, que é fundamental para garantir um melhor restabelecimento ao indivíduo.
Identifique rapidamente o AVC
Uma das formas de identificar o AVC é o teste SAMU, que envolve as seguintes avaliações:
Sorriso: peça para a pessoa sorrir. Veja se um lado do rosto não mexe.
Abraço: veja se a pessoa consegue elevar os dois braços como se fosse abraçar ou se um membro não se move.
Música: veja se a pessoa repete o pedacinho de uma música ou se enrola as palavras.
Urgente: chame uma ambulância ou vá a um pronto atendimento especializado.