O profissional Jean Alessandro, CRP 07/029848, atua de forma especializada em diversas demandas. É um contínuo pesquisador do comportamento, cognições, neurociência e também dos processos afetivos. Trabalha em atendimentos psicológicos objetivando proporcionar o autodesenvolvimento, bem como em casos de ansiedade, problemas de relacionamentos e também para mudança de hábitos
Quando você pensa numa pessoa inteligente, geralmente pensa num alto rendimento escolar, numa criança prodígio ou numa pessoa com sucesso financeiro e profissional. Raramente você pensa que ela pode ter sido uma criança invisível na sala de aula, ou uma “criança problema”, que deixava o professor desesperado com sua extrema atividade motora e seus profundos questionamentos. Pouca gente pensa que essa inteligência poderia sim passar totalmente despercebida por anos ou décadas, seja por parte dos pais, da escola ou mesmo por parte do próprio indivíduo.
Alguns estudos apontam que o percentual de alta inteligência pode chegar a 5% da população. Porém, a maioria dos pais, professores e profissionais de saúde não sabe como é o comportamento, o pensamento e o funcionamento geral de uma pessoa altamente inteligente. Pelo contrário, uma série de mitos ronda esse tema da inteligência. A população não sabe que essas pessoas têm cérebros que funcionam de forma diferente, que elas processam o mundo de forma extremamente intensa e que há certos padrões que podemos observar e mensurar, seja por testes neuropsicológicos, seja por observação de padrões de comportamento.
Essas pessoas são frequentemente diagnosticadas com déficit de atenção, transtorno afetivo bipolar, ou até mesmo esquizofrenia – o que já são quadros clínicos e fenômenos bem mais conhecidos do que a condição das altas habilidades. Não que elas não possam apresentar estes quadros juntamente com as altas habilidades, mas a identificação das altas habilidades costuma ficar na sombra dos transtornos citados acima. As altas habilidades não são um problema, pelo contrário, são uma facilidade mental em fazer quase tudo – menos seguir as regras se elas não tiverem um sentido muito claro ou seguir a massa simplesmente porque é o que se tem de fazer e se contentar com o que foi feito. O problema dos indivíduos de alto potencial vem de toda carga emocional que a não-identificação traz (tédio escolar, desencaixe profissional, insucesso acadêmico, uma identidade falsa criada para se encaixar socialmente, fortes crenças de incapacidade) e de toda carga que é colocada de fora para dentro e de dentro para fora para que funcionem de uma forma típica.
Muitas vezes essas pessoas chegam até um profissional que conhece a condição de Altas Habilidades e Superdotação extremamente fragilizadas e destruídas emocionalmente pelas décadas em que tentaram seguir o caminho convencional sem nenhum sucesso e com questionamentos voltados a sua inteira culpa nisso tudo. Não raro elas aparecem perdidas e sem lugar no mundo, e com a sensação de incapacidade e solidão existencial intensa. Ao longo de suas histórias, ninguém validou suas percepções, ninguém fomentou seu desabrochar, e por isso, se tornaram adultos extremamente inseguros e excessivamente autocríticos.
Precisamos aprender muito mais sobre esses indivíduos. Creio fortemente que esse perfil é a massa crítica responsável por mudanças culturais e sociais profundas. Mas nunca teremos os benefícios dessa inteligência se não soubermos onde ela está e como ela deve ser gerida. A sociedade não sabe o que é inteligência, e isso precisa mudar logo!