O envelhecimento é uma fase repleta de mudanças físicas e psíquicas que, muitas vezes, interferem diretamente na qualidade de vida do indivíduo. Quem não conhece um idoso que se sente isolado, sozinho, cercado de medicamentos e, não raro, se sentindo um peso para os familiares? Pois é. Situações como essas parecem normais para boa parte do público, mas a verdade é que, hoje em dia, existem profissionais capacitados para transformar a vida desses pacientes, beneficiando diretamente a saúde mental. É o caso da psicogeriatria.
Para abordar o assunto, ouvimos a médica psiquiatra Dra. Lana Maria Pereira, especialista em psicogeriatria. Ela explica do que se trata essa atuação. “A psicogeriatria é uma área da psiquiatria que trabalha com a saúde mental dos idosos, fazendo a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das doenças psiquiátricas. É uma especialidade que está muito em evidência, porque as doenças mentais na terceira idade estão cada vez mais prevalentes, sobretudo por conta do envelhecimento populacional”, afirma Dra. Lana. “Para se intitular psicogeriatra, o médico precisa da especialização em psiquiatria e, depois, prestar uma prova de titulação em psicogeriatria. Trata-se de uma área voltada para os fatores psicopatológicos que afetam os idosos e, por isso, é importante que esse profissional seja devidamente especializado”, disse a médica.
Segundo ela, a importância da especialidade é imensa, especialmente pelo aumento da expectativa de vida da população. “O processo de envelhecimento é uma fase em que ocorrem muitas mudanças e, com isso, a saúde mental acaba ficando comprometida, porque o idoso geralmente já apresenta um histórico de comorbidades – e a descoberta dessas patologias, por si só, traz uma carga psíquica muito grande”, ressalta a psiquiatra. “O idoso começa a ter dificuldade em lidar com essas doenças e fica dependente de familiares e cuidadores, se sentindo incapaz de cumprir suas tarefas. É nesse contexto que surge a depressão, os transtornos de ansiedade, o transtorno por uso de álcool, os quadros psicóticos, as demências, tanto as de Alzheimer, quanto as outras, além de ser uma população com alto risco de suicídio, tendo ainda sintomas psiquiátricos induzidos por medicação. Tudo isso resulta em uma piora da saúde mental – e a psicogeriatria vem para auxiliar o paciente ao longo desse processo”, frisou.
Para isso, segundo Dra. Lana, é importante uma intervenção precoce, a fim de traçar a melhor conduta com o paciente. “Essas intervenções visam melhorar a qualidade de vida do indivíduo, a fim de que ele tenha um maior bem-estar mental. Muitas vezes, as psicoterapias são importantes, porque geram alívio e tranquilidade aos idosos, que acabam carregando uma carga psíquica de muitos anos. Em alguns casos, a gente precisa de uma avaliação neuropsicológica, para avaliar se houve declínio das habilidades cognitivas. Tudo vai depender do histórico do paciente. Mas o importante é ter um profissional especializado para fazer esse acompanhamento. Até porque os idosos se sentem muito mais vulneráveis nessa fase da vida. A tendência, então, é que os transtornos fiquem mais complexos, ocasionando perda de autonomia, lentificação de pensamento, alteração de funções cognitivas, entre outros sintomas. Quanto mais cedo forem identificados, melhor”.