
Ana Rosa Zaro
Como a alimentação pode ajudar a amenizar o problema
O Lipedema, também conhecido como Síndrome da Gordura Dolorosa, é uma doença inflamatória e progressiva do tecido adiposo, de acometimento bilateral, no qual a gordura tende a se acumular de forma desproporcional em membros inferiores como coxas, pernas, quadril e, com menor frequência, nos braços, sendo essa gordura resistente a dietas com restrição calórica e exercícios físicos.
Foi identificado pela primeira vez em 1940 pelos Drs. Edgar Allen e Edgar Hines na Clínica Mayo. Uma das causas do Lipedema é a predisposição genética, mas estilo de vida e fator ambiental (incluindo aqui a alimentação inflamatória) pioram o quadro.
Embora acometa 11% das mulheres e já esteja incluído como doença pela OMS (Organização Mundial de Saúde), o Lipedema ainda é pouco conhecido e, muitas vezes, não é diagnosticado. Já os casos da doença, em sua maioria, estão relacionados às mulheres. É raro o acometimento no sexo masculino.
A terapia nutricional é um dos pilares centrais no tratamento do Lipedema. Por isso, conversamos com a nutricionista funcional e ortomolecular, Dra. Ana Rosa Zaro. Segundo ela, a alimentação é fundamental para reduzir a inflamação crônica de baixo grau presente no Lipedema. “A dieta anti-inflamatória não é uma dieta direcionada para perder peso. O foco nesse caso é priorizar alimentos com ação anti-inflamatória. Para a International Union of Angiology, a recomendação é que uma dieta mediterrânea com redução da ingestão de carboidratos seja aplicada nesses pacientes. Essa orientação se baseia no alto potencial anti-inflamatório e de redução de gordura deste padrão alimentar. Em uma recente pesquisa italiana da revista Nutrientes, foi aplicada a dieta mediterrânea para 14 mulheres com Lipedema, em comparação à 15 indivíduos do grupo controle. Dentre as características da dieta, incluíam-se: alimentos à base de plantas, gorduras saudáveis (como azeite), alto consumo de ômega 3, uso de ervas em vez de sal, exclusão de alimentos em conserva, processados e carboidratos de alto índice glicêmico (farináceos). Após a intervenção, as mulheres com Lipedema diminuíram seu peso, IMC, e gorduras nos braços e pernas, além de aumentar a capacidade de realizar atividades diárias com menos fadiga, dor e ansiedade”.
A nutricionista destaca algumas características da dieta mediterrânea e que têm potencial anti-inflamatório. “Deve ser rica em verduras e legumes (o recomendado é a ingestão de 40 gramas de fibras ao dia). Acrescente entre as frutas as berries (amora, mirtilo, framboesa). Baixo consumo de carboidratos, principalmente as farinhas (doces, biscoitos, pães, tortas, torradas, rosquinhas devem ser evitados: todos que contenham trigo). Evite açúcar e adoçantes. Aprecie o sabor natural dos alimentos. Não utilize temperos e molhos industrializados e reduza boa parte do sal de sua alimentação. As gorduras presentes na dieta devem ser de boa qualidade, provenientes de: castanhas, óleo de coco, abacate, azeite extravirgem. Além disso, a dieta deve ser rica em proteínas magras e deve-se evitar os excessos de carne vermelha. Dê preferência ao consumo de carnes brancas e ovos. Exclua da alimentação embutidos: presunto, peito de peru, linguiça, bacon, salsicha, mortadela, entre outros. Bebidas alcoólicas devem ser evitadas (não existe dose segura. O mínimo pode ser prejudicial). A ingestão de água deve ser no mínimo 35ml/kg de peso. Inclua na alimentação: chia, linhaça e óleo de peixe (ômega 3)”, recomendou.