As infecções respiratórias são um problema comum na infância, especialmente durante os meses mais frios do ano. Gripes, resfriados, bronquites e outras doenças do trato respiratório superior são responsáveis por grande parte das consultas pediátricas nessa época. Embora muitas dessas infecções sejam leves e autolimitadas, algumas podem evoluir para quadros mais graves, como a pneumonia, que pode ser especialmente perigosa em bebês e crianças pequenas. Sobre este assunto, conversamos com a médica pediatra Dra. Laura Machado.
Mania de Saúde – Quais são as infecções respiratórias mais comuns em crianças e seus sintomas?
Dra. Laura Machado – As infecções de vias aéreas superiores costumam ocorrer com maior frequência após o retorno escolar, sobretudo com a proximidade do outono e inverno, quando há maiores aglomerações em ambientes fechados, o que aumenta a proximidade entre as pessoas e facilita a transmissão dos vírus. As infecções respiratórias podem variar de acordo com a idade, sendo mais comum a ocorrência do Resfriado Comum, a Gripe, a Bronquiolite e, atualmente, a Covid-19. Dependendo da gravidade da infecção, esses pacientes podem evoluir com complicações como a otite média aguda, rinossinusite bacteriana e, em alguns casos, pneumonia. A maioria das infecções costuma ter sintomas leves como coriza, congestão nasal, febre baixa, recusa alimentar parcial, porém é necessária a avaliação continua com pediatra assistente para monitoramento e orientação quanto aos sinais de gravidade.
Mania de Saúde – Quais são os fatores de risco que aumentam a probabilidade de uma criança desenvolver infecções respiratórias?
Dra. Laura Machado – Pacientes lactentes, ou seja, menores de dois anos de idade, costumam a ter episódios de infecções respiratórias de forma mais recorrente, pois muitas vezes estão sendo expostos pela primeira vez a diversos vírus e as infecções ocorrem uma atrás da outra, gerando a impressão de uma infecção longa, entretanto, são na maioria das vezes apenas episódios recorrentes e sem complicações. Na verdade, é nesse período que a imunidade vai sendo adquirida. Além disso, prematuridade, diagnóstico prévio de doença pulmonar crônica, imunodeficiência primária ou adquirida e determinados tipos de cardiopatia congênita são alguns exemplos de fatores de risco para maior frequência ou gravidade de infecções respiratórias em crianças.
Mania de Saúde – Como as infecções respiratórias em crianças são diagnosticadas e tratadas?
Dra. Laura Machado – O diagnóstico costuma ser clínico, através da história e do exame físico. O mesmo acontece para o diagnóstico das complicações, sendo necessário algumas vezes a realização de exames complementares, como a radiografia de tórax, por exemplo. É possível também identificar o patógeno através de exames como o painel viral, disponível na rede particular. O tratamento varia de acordo com o tipo de infecção, sendo necessário, na maioria das vezes, apenas medicações para amenizar os sintomas como dor ou febre, além da lavagem nasal, que deve ser bem orientada pelo pediatra assistente. Algumas infecções, como a gerada pelo vírus Influenza, podem ter tratamento específico, porém, há critérios para sua prescrição, sendo indicado para apenas alguns casos. Já as complicações são tratadas individualmente, sendo necessária a avaliação criteriosa da necessidade de antibioticoterapia.
Mania de Saúde – Qual é o papel das vacinas na prevenção?
Dra. Laura Machado – As vacinas são de extrema importância para a prevenção de doenças. Como podemos observar após a pandemia causada pelo Sars-CoV-2, a vacinação teve um papel fundamental na prevenção e na evolução para a gravidade da Covid-19. O vírus Influenza é um vírus que pode causar doença respiratória grave em crianças, e também possui vacina para sua prevenção. A vacina é anual, e neste ano já está disponível nos postos de vacinação para crianças acima de 6 meses, pelo SUS. A vacina também pode ser aplicada pela rede particular. O calendário vacinal também possui vacina para pneumonia, que também está disponível nos postos de saúde. Existe também outra forma de prevenção, dessa vez para a bronquiolite viral aguda. O vírus sincicial respiratório (VSR) é o responsável por grande parte dos casos de bronquiolite, que acometem crianças comumente até dois anos de idade. Sendo assim, uma das estratégias para prevenção da infecção pelo VSR é a imunização passiva com o anticorpo monoclonal humanizado Palivizumab, prescrito para pacientes com critérios clínicos específicos de inclusão. O período de sazonalidade para Bronquiolite é de Março a Julho, e o período de aplicação começa um mês antes do início da sazonalidade. Outras formas de prevenção para infecções respiratórias incluem o aleitamento materno, lavagens das mãos, evitar locais aglomerados e fechados, além da consciência individual para evitar a transmissão da doença.