Assunto em voga em todos os meios de comunicação e com grande apelo nas redes sociais, o Lipedema é o grande vilão que vem atormentando a mulherada e o Mania de Saúde ouviu com exclusividade as médicas Cirurgiãs Plástica e Vascular, Dra. Érika Guerra e Dra. Paloma Miguel, respectivamente, para trazer uma luz para o tratamento dessa doença que incomoda tanto
Aparelhos inovadores para celulite, técnicas mirabolantes para eliminar gordura, cremes milagrosos para renovar a pele. Anúncios como esses já fazem parte da rotina das pessoas desde que o mundo digital promoveu acesso irrestrito aos mais diferentes canais de informação. Toda essa avalanche de conteúdo, no entanto, muitas vezes leva o público a acreditar em soluções mágicas, como se tudo se resumisse a um tratamento simples, ignorando que muitos problemas são complexos e nem sempre conseguem ser erradicados com facilidade.
É o caso, por exemplo, do lipedema, que vem ganhando destaque nas redes sociais e muitas vezes acaba sendo visto como um problema estético, quando, na verdade, se trata de uma doença crônica do tecido adiposo, que compromete em muito a qualidade de vida da população. “O lipedema, na verdade, é uma doença, que provoca um acúmulo anormal de gordura em certas regiões do corpo, sobretudo nos membros inferiores, mais precisamente nas pernas, nas coxas e ao redor dos joelhos, sendo mais comum em mulheres”, explica a médica cirurgiã plástica Dra. Érika Guerra. “Normalmente, as pacientes se queixam de desconforto porque o lipedema se caracteriza pela inflamação do tecido gorduroso. Isso acaba ocasionando dor, inchaços, hematomas, dificuldade de andar, gerando repercussões vasculares, articulares e até mesmo na pele da paciente, com problemas de pigmentação, entre vários outros sintomas. O tratamento, portanto, é multidisciplinar, envolvendo não só diferentes profissionais de saúde, como angiologista, endocrinologista e nutricionista, mas também uma mudança completa no estilo de vida da paciente, a fim de que o tratamento tenha o melhor sucesso possível”, alertou.
Outro detalhe importante é que o acúmulo de gordura do lipedema difere daquele gerado pela obesidade. Ou seja: em vez dessa gordura ser distribuída de maneira uniforme pelo corpo, ela fica mais concentrada, além de ter um caráter inflamatório, sendo bem mais difícil combatê-la. “Por isso o tratamento não se dá apenas com a lipoaspiração, que consegue ajudar em muitos casos, mas não resolve por completo. Afinal, não se trata de um simples acúmulo de gordura em uma paciente acima do peso, mas de uma doença do tecido gorduroso e de causa ainda desconhecida. Ou seja: não é só um problema estético, mas sim um problema de saúde”, ressalta Dra. Érika. “São casos muito específicos, delicados, que exigem todo um acompanhamento multidisciplinar, onde a estética é só uma parte do processo”, acrescentou.
A médica angiologista e cirurgiã vascular Dra. Paloma Miguel explica como o lipedema repercute dentro de sua especialidade. “Em geral, atendo pacientes com edemas nas pernas, que não emagrecem e que, quando conseguem perder peso, ainda têm as pernas muito inchadas, além de gorduras localizadas e muita dor. Elas se queixam de ter a perna endurecida, com endurecimento localizado, como se fosse uma inflamação local. Para esses casos, a gente dispõe de medicações, cremes e drenagem linfática, além de associarmos o tratamento com endocrinologista, nutricionista, educador físico e, por final, o cirurgião plástico”, afirma Dra. Paloma. “O tratamento exige a atuação de outros profissionais, bem como uma mudança nos hábitos alimentares (incluindo uma dieta com propriedades antioxidantes), além de uma rotina de atividade física. A gente lança mão de vários recursos para ajudar nessa desinflamação, proporcionando uma melhora significativa à paciente, mas sempre priorizando a sua saúde”.