O poder do mercado Pet

O poder do mercado pet

Setor registra crescimento, mas também traz novos desafios para os profissionais

Você já reparou como os pets vêm ganhando cada vez mais espaço na vida das pessoas? Fique sabendo, portanto, que não é mera impressão sua. Afinal, conforme dados do IPB (Instituto Pet Brasil), mais da metade dos brasileiros, hoje, tem um bichinho de estimação em casa. Mas não termina aí: segundo matéria do jornal O Estado de S. Paulo, o número de pets chega a ser quatro vezes maior do que o número de crianças, devido à queda de natalidade. Isso levou uma série de empresas a abandonar o mercado infantil para investir no mercado pet, transformando por completo seus modelos de negócios. Os especialistas, contudo, fazem o alerta: embora esses dados sejam animadores para a indústria, eles não significam, necessariamente, uma chuva de bonança para os profissionais da área. Pelo contrário: a competitividade do mercado e o nível de exigência dos consumidores vêm criando uma série de desafios para quem está iniciando no mercado pet. Quem nos fala sobre o assunto é a médica veterinária Dra. Lina Goulart, da Procamp, que há anos é referência para Itaperuna e região. “O mercado pet foi um dos que mais se desenvolveram no mundo, principalmente durante a pandemia. Agora, ele passa por um período de estabilização, mas é importante ter cautela. Afinal, o mercado vem crescendo, mas ele está pulverizando muito, pois abriram vários pet shops e a gente sabe que a economia, em geral, maltrata quem é aventureiro. Às vezes, você pode entrar nessa área achando que descobriu a pólvora, mas, se não analisar bem o que está fazendo, pode acabar não tendo o sucesso esperado”, diz Dra. Lina. “Antigamente, por exemplo, você podia fazer medicina veterinária, se formar, abrir um pet shop e começar a trabalhar normalmente, mas hoje isso mudou. Existem muitas outras habilidades envolvidas nesse processo e elas são fundamentais para o êxito do negócio”, acrescentou a veterinária. Ela comenta as dificuldades mais presentes no setor. “Para nós, veterinários, o mais difícil é lidar com demandas que fogem à nossa atuação. Nós vamos saber sobre medicamentos, sobre rações, sobre acessórios para animais, etc., mas, de repente, chega uma pessoa e pede uma planilha de custos ou uma previsão de gastos para os próximos 5 meses. Isso cria uma dificuldade, que exigirá a atuação de outros profissionais junto com a gente”, alerta Dra. Lina. “A parte contábil, por exemplo, sempre foi difícil para mim, mas, graças a Deus, meu filho se tornou administrador e absorveu bem essa função em nossas empresas. Meu marido também sempre foi bom de cálculo e isso me aliviou bastante. Mas, se você está sozinho, vai acabar necessitando de ajuda”, conta a veterinária, mencionando outras exigências do mercado. “Na hora de criar o espaço físico, é necessário ouvir um arquiteto, um engenheiro, porque senão a gente erra muito. E, depois, acaba pagando por esse erro, tendo que refazer o ambiente. Outra habilidade importante, que a gente ia fazendo muito no feeling, é o marketing. Hoje em dia, você tem que ter o marketing muito bem estruturado. Afinal, quem não é visto, não é lembrado”, ressaltou. Outro detalhe fundamental, segundo Dra. Lina, é a especialização. “Depois de se formar como clínico, o veterinário precisa encontrar o seu foco e trabalhar bem essa área, porque sair com a formação básica não é mais o suficiente. Você tem que ter um diferencial, tem que ter um atrativo a mais. As pessoas vão procurar uma determinada profissional porque ela é especialista em felinos, vão procurar aquela determinada loja porque lá encontram tudo para cavalos, vão buscar aquele pet shop específico porque ele reúne inúmeros acessórios. Então, cada vez mais a gente precisa se especializar, para só assim fazer frente a um mercado cada vez mais competitivo e desafiador”.