Referência nacional em bipolaridade e depressão, o médico psiquiatra Dr. Renato Silva fala ao Mania sobre o transtorno
Você sabia que o transtorno afetivo bipolar atinge cerca de 140 milhões de pessoas em todo o mundo? Pois é. Quem faz o alerta é a Organização Mundial da Saúde (OMS), que vem ressaltando a importância de discutir a bipolaridade, a fim de evitar preconceitos e estigmas.
Por isso, no mês em que se celebra o Dia Mundial do Transtorno Bipolar (30 de março), o Mania de Saúde ouviu o médico psiquiatra Dr. Renato Silva. Formado pela Universidade Federal de Uberlândia (2011), com residência em Psiquiatria pela Universidade de São Paulo (USP), ele é referência nacional em bipolaridade e depressão, sendo fundador do curso de pós-graduação Especialização em Transtorno de Humor, e da clínica Estabiliza, especializada em bipolaridade, além de criador do Método Voo Bipolar, que já ajudou milhares de bipolares e seus familiares a obterem estabilidade emocional.
Segundo Dr. Renato, apesar de o transtorno ter diferentes tipos, podemos enxergá-lo como um espectro, onde cada pessoa possui uma individualidade e apresenta sintomas e intensidades diferentes. “Quando falamos de identificar o transtorno bipolar, estamos falando de identificar as fases, como, por exemplo, depressão, mania e hipomania”, disse.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM – 5), a fase da depressão no transtorno bipolar pode ser identificada por diversos sintomas. São eles: falta de prazer, apatia, alterações no apetite e no sono, alterações na cognição e mudanças no humor. “É importante ressaltar que há inúmeras formas de se vivenciar a depressão. Não existe ‘uma única depressão’”, conta o médico.
Já na fase da mania, segundo ele, pode-se citar como possíveis sintomas: pensamento acelerado, impulsos aumentados, autoestima inflada, redução da necessidade de sono, irritabilidade, entre outros. “A hipomania, por sua vez, é a fase mais difícil de ser identificada. Normalmente é necessário conhecer a pessoa previamente para identificar que o seu humor e seu comportamento estão diferentes do normal. O diagnóstico deve ser dado por um profissional da área de saúde mental que saberá não só identificar, como sugerir os melhores tratamentos”, explica o psiquiatra.
De acordo com ele, por falta de conhecimento aprofundado, um outro transtorno também pode ser confundido com o bipolar. “Muitas vezes o transtorno bipolar e o transtorno da personalidade borderline são confundidos, pois os sintomas do borderline podem parecer com alguns da fase de mania ou hipomania da bipolaridade, como, por exemplo, impulsividade e irritabilidade”, ressalta o médico. “A grande diferença entre um e outro é que, enquanto o transtorno bipolar aparece com manifestações periódicas, o de personalidade borderline se apresenta de maneira fixa, rígida e ao longo da vida da pessoa”.
Como diagnosticar?
Muitas pessoas costumam achar que mudanças repentinas de humor se encaixam no diagnóstico, mas não é tão simples assim. Só um profissional especializado na área poderá definir o quadro do paciente. “Para se fazer o diagnóstico do transtorno bipolar é necessário que a pessoa tenha apresentado ao menos um episódio de mania ou hipomania. Na bipolaridade, sempre que um novo episódio ocorre, maiores serão as chances de que eles se repitam e que os sintomas piorem. Logo, o tratamento é extremamente importante para evitar que novos episódios aconteçam”, alerta o psiquiatra.
Para alcançar a estabilidade de humor não basta apenas ser medicado. É preciso seguir um conjunto de hábitos saudáveis. Estratégias farmacológicas e não farmacológicas vão resultar numa significativa melhora do quadro, entre elas, ter uma alimentação balanceada, dormir bem e ter uma rotina de sono regulada, evitar estresse crônico, praticar atividade física e evitar bebida alcoólica e excesso de cafeína. Busque ajuda especializada e se cuide!