A pandemia ficou para trás, mas os efeitos na educação permanecem. É o que revelou uma recente pesquisa conduzida por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Durham University, na Inglaterra, divulgada pela Agência Brasil. De acordo com os estudiosos, por conta do fechamento das escolas e da adoção de aulas remotas, crianças em situação de maior vulnerabilidade social aprenderam, em média, 48% do que seria esperado em aulas presenciais. Já na faixa de alunos com poder aquisitivo maior, o nível de aprendizado foi de 75% do esperado.
O estudo se baseou em 671 crianças com idades entre 5 e 6 anos, de 21 escolas da rede privada e conveniada na cidade do Rio de Janeiro. A pesquisa serviu de alerta para o maior desafio que as instituições de ensino têm encontrado atualmente: a defasagem escolar. “É muito importante pensar em programas que vão lidar não só com a defasagem, mas com formas de promover mais equidade, já que a defasagem não foi igual. Alguns grupos sofreram mais, algumas crianças ficaram mais para trás e esses programas precisam considerar isso, para que não tenhamos um cenário educacional no Brasil em que a gente observe uma explosão de desigualdade”, ressaltou o pesquisador e também autor da publicação, Tiago Lisboa Bartholo.
A situação fica ainda mais delicada ao se observar a relevância do trabalho educacional nessa fase da vida, já que a primeira infância, fase entre zero e seis anos de idade, é considerada por especialistas como uma janela de oportunidades para investimentos educacionais. Do ponto de vista neurológico e do desenvolvimento, trata-se de um período-chave, no qual as habilidades cognitivas, motoras e socioemocionais se consolidam.
“Crianças pequenas foram privadas de muitas coisas durante a pandemia, mas podem se recuperar. Para isso, precisamos de bons programas. Precisamos de um bom diagnóstico de como as crianças estão retornando para a escola e de programas que sabemos que têm bons efeitos para recuperar a aprendizagem, como tutoria com grupos menores de crianças, principalmente aquelas que foram mais afetadas durante a pandemia”, disse a pesquisadora da UFRJ Mariane Campelo Koslinski, uma das autoras do estudo.
Além de ser um desafio para todo o sistema educacional, o cenário deixado pela pandemia de Covid-19 reforça, também, a importância de os pais escolherem uma boa escola para os filhos, a fim de garantir a eles um melhor desenvolvimento.
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