
A médica otorrinolaringologista Dra. Luiza Nascentes, que integra a equipe do Centro Médico ProntoCardio, explica como lidar com a surdez ou perda auditiva, oferecendo dicas essenciais para preservar a sua audição
Você já se perguntou sobre a sua saúde auditiva? Será que você, de fato, está ouvindo bem? Não? Então saiba que está na hora de se atentar para isso. Afinal, de acordo com o IBGE, o Brasil possui hoje cerca de 10 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência auditiva, número que tende a crescer nos próximos anos. Isso explica a importância do Dia Nacional da Prevenção e Combate à Surdez, celebrado em 10 de novembro, que busca conscientizar o público quanto aos cuidados com a audição de uma forma geral.
Para abordar o assunto, ouvimos a médica otorrinolaringologista Dra. Luiza Nascentes. Formada pela Faculdade de Medicina de Campos (FMC), com residência médica em Otorrinolaringologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), especialista em Medicina do Sono pela mesma instituição, além de Mestranda em Otorrinolaringologia pela UNIFESP, ela integra a equipe do Centro Médico ProntoCardio e explica porque a saúde auditiva tem chamado tanto a atenção na atualidade.
“O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, devido ao aumento da expectativa de vida. Em decorrência disto, também aumenta a perda auditiva do idoso, a chamada presbiacusia, que é a perda da sensibilidade para ouvir e compreender sons. A presbiacusia decorre do próprio envelhecimento, em um processo multifatorial, que pode evoluir nos mais variados graus. Os fatores de risco envolvem predisposição genética, condições cardiovasculares, metabólicas e tabagismo, além de exposição a ruído profissional durante a vida e extraprofissionais (instrumentos, concertos, fones de ouvido), bem como o uso de medicamentos ototóxicos, que são sabidamente associados à perda auditiva”, disse.
O problema, entretanto, não se restringe aos idosos, como destaca a médica. “A deficiência auditiva está presente em 1 a 3 neonatos a cada 1000 nascidos vivos e é a doença congênita mais comum. O impacto da deficiência auditiva no desenvolvimento da criança gera consequências nas diversas etapas do seu desenvolvimento. Por isso é fundamental o diagnóstico e a intervenção precoce ainda nos primeiros meses de vida”, diz Dra. Luiza, lembrando que uma grande porcentagem destas perdas auditivas está relacionada a infecções congênitas, como rubéola, citomegalovírus e outras adquiridas, como sarampo e caxumba. “Vale ressaltar ainda a importância do diagnóstico e tratamento adequado das doenças da orelha média, que podem ocorrer em crianças ou adultos e também ocasionam perdas auditivas, podendo ser reversíveis se tratadas adequadamente”, complementou.
O diagnóstico, segundo ela, é feito através da audiometria, considerada o teste padrão ouro para determinar o grau, o tipo e a configuração das perdas auditivas. Mas, para isso, é necessário fazer a avaliação e o acompanhamento com o especialista na área, a fim de direcionar o melhor tratamento. Já a prevenção, por sua vez, envolve diversos outros cuidados, abrangendo as mais diferentes idades.
“É importante que seja feita a triagem auditiva neonatal (teste da orelhinha) em todos os recém-nascidos, bem como o encaminhamento para avaliação com otorrino em caso de falha, além da atenção dos pediatras e otorrinolaringologistas aos fatores de risco para perda auditiva. Outro ponto importante é a manutenção do calendário vacinal em dia para evitar as causas infecciosas de surdez (sarampo, caxumba, rubéola), além do acompanhamento e orientação das gestantes e acompanhamento otorrinolaringológico dos pacientes com quadro de otites recorrentes”, aponta Dra. Luiza. “O uso de abafadores de sons para o trabalhador, o controle de ruídos, níveis seguros de volume e a vigilância de medicamentos ototóxicos também podem reduzir o potencial de perda auditiva. Outro fator relevante é o controle de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes. Faz-se necessário também a avaliação auditiva do idoso de forma periódica, a fim de estabelecer o diagnóstico e o tratamento da perda auditiva, evitando assim os efeitos deletérios da surdez, que afeta a comunicação, gera isolamento social, além de transtornos cognitivos. É fundamental a conscientização quanto ao uso do aparelho de amplificação sonora individual, que pode minimizar estes efeitos”.