Quem não se deparou, na pandemia, com um médico infectologista falando sobre a Covid-19 na TV? Pois é. A infectologia foi uma das especialidades médicas que mais entraram em evidência nos últimos anos, mas, ainda assim, boa parte do público desconhece essa atuação. Muitos nem sabem, por exemplo, que uma febre estranha e recorrente deveria ser analisada por um infectologista, só para citar um dentre muitos outros problemas.
Quer saber quais são eles? Foi em busca dessas respostas que entrevistamos o médico infectologista Dr. Marcus Vinícius M. Miranda. “A infectologia é uma especialidade muito voltada para a causa humana em si, mas, ainda assim, não é muito divulgada. Até porque o dia a dia do infectologista não é glamouroso. Ele envolve uma série de doenças relativas ao sanitarismo, fazendo com que o infectologista seja o profissional responsável por sanar as falências orgânicas que nascem de um contexto onde, literalmente, falta tudo”, diz Dr. Marcus Vinícius. “Esse lado humano é que fez com que eu me apaixonasse pela profissão”, acrescentou.
Natural de Cataguases-MG, Dr. Marcus Vinícius se formou pela Faculdade de Medicina de Campos (FMC) e fez residência de infectologia no Hospital Federal dos Servidores do Estado. Atuou por 10 anos na emergência do Hospital Geral de Guarus (HGG), tornou-se professor da FMC e da UniRedentor/Afya, trabalhou no Hospital da Unimed, atuou como médico visitador na enfermaria de infectologia do Hospital Ferreira Machado e hoje integra o Centro de Doenças Infecto-Parasitárias (CDIP), além do Hospital Municipal de Quissamã. Trabalhando com infectologia clínica, HIV, Infecções Sexualmente Transmissíveis, Vacinação, Medicina Preventiva, Tratamento de Feridas e Hepatologia em seu consultório, ele revela como a especialidade é bem mais ampla do que parece.
“A infectologia é muito rica em patologias que causam disfunções orgânicas agudas. É a invasão do organismo por um microrganismo que está lhe inflamando, fazendo com que você saia do estado sadio para um momento de falência inflamatória, infecciosa, até conseguir tratar e voltar a ser sadio. Isso envolve os mais diversos tipos de problemas, inclusive uma doença crônica como o HIV, que hoje corresponde ao maior público em meu consultório”, afirma Dr. Marcus Vinícius. “Hoje existem medicamentos com pouquíssimos efeitos adversos e com uma eficácia enorme no tratamento do HIV, garantindo uma melhor qualidade de vida a inúmeros pacientes”.
Além do atendimento pós-covid-19, que tem crescido na atualidade, muitos outros casos passam por este profissional, como doenças virais agudas, herpes vírus humano, mononucleose, citomegalovirose, toxoplasmose, além de hepatites, lesões de pele de repetição e vários tipos de doenças parasitárias. “Uma simples febre a esclarecer, por exemplo, faz parte do cotidiano do infectologista. Ele buscará sempre o melhor diagnóstico para o paciente, com foco nesse lado humano, que é tão importante para a nossa profissão”.