O dia 12 de junho é uma data mais do que importante para a área da cardiologia. Isso porque ela celebra o Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita, que afeta 29 mil crianças por ano, conforme dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Ela define a cardiopatia congênita como um grupo de anormalidades na estrutura do aparelho cardiocirculatório, secundária a uma alteração no desenvolvimento embrionário, que pode surgir nas primeiras oito semanas da gestação, quando se forma o coração do bebê, causando insuficiência circulatória e respiratória, podendo comprometer a qualidade de vida do paciente.
No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, são dez casos de cardiopatia congênita a cada mil nascidos vivos, sendo que cerca de 6% das crianças morrem antes de completar um ano de vida, reforçando assim a necessidade do diagnóstico precoce. É nesse contexto que o Ecocardiograma Pediátrico pode fazer toda a diferença, já que é capaz de oferecer informações relevantes sobre a anatomia e a função cardíaca, sendo essencial na abordagem de pacientes com cardiopatia congênita, sejam eles recém-nascidos, crianças ou adolescentes.
Para abordar o tema, ouvimos a médica cardiologista e ecocardiografista Dra. Gisele Abreu, que integra a equipe do Hospital Geral ProntoCardio. Formada pela Faculdade de Medicina de Campos (FMC), com residência em clínica médica pelo Hospital Escola Álvaro Alvim (HEAA) e residência em cardiologia pelo Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro, ela tem pós-graduação em Ecocardiograma Pediátrico e revela como se dá essa atuação.
“As cardiopatias congênitas são alterações que ocorrem na morfologia do coração durante o processo de formação da criança. Essa má-formação está relacionada a alguma predisposição genética ou a alguma intercorrência no próprio processo de formação do coração, gerando a doença. Existem as cardiopatias congênitas simples e as cardiopatias congênitas complexas. No caso das complexas, em geral percebe-se os sintomas já nas primeiras horas de vida. Há situações em que é preciso até intervir na hora que nasce. Se não, o bebê morre. Em outros casos, os sintomas só vão aparecer na vida adulta, porque o coração vai se adaptando, até uma hora em que ele não consegue mais se adaptar e aí começam as alterações. No passado, isso era descoberto muito tardiamente, mas, hoje em dia, tem se pedido mais o Ecocardiograma em crianças e esse diagnóstico ocorre de forma mais precoce, oferecendo um tratamento mais assertivo”.
Dra. Gisele conta que esse cuidado tem garantido sobrevida a inúmeros pacientes. “Diagnosticando mais cedo, a gente consegue fazer um tratamento mais adequado, evitando que essas alterações se manifestem ou, ao menos, que elas aconteçam de forma mais lenta. Existem crianças que a gente consegue operar nos primeiros meses de vida e logo corrigir o problema. Em outros casos, fazemos a chamada paliação, onde você corrige alguns defeitos, mas a cardiopatia ainda está ali presente. O funcionamento do coração não vai ser inteiramente normal, mas será compatível com a vida, para a criança viver normalmente, sem muitas limitações”, destaca a médica. “É importante que as mães estejam atentas a isso. Até porque não é um exame caro, não tem radiação, não tem contraste, é apenas um ultrassom do coração. E, com ele, a gente consegue diagnosticar a maioria das cardiopatias congênitas, garantindo melhor qualidade de vida à criança”.
Segundo a SBC, o avanço na área é tamanho que, hoje em dia, o diagnóstico pode ser feito ainda durante a gestação, por meio do ecocardiograma fetal, único exame capaz de detectar uma cardiopatia congênita enquanto o bebê ainda está na barriga da mãe. O diagnóstico pode salvar muitas vidas, pois algumas cardiopatias precisam de intervenção e centro especializado assim que o bebê nasce. Busque o seu médico de referência e se informe!