
O envelhecimento populacional mundial vem acontecendo de forma acelerada e um dos grandes desafios é a criação de estratégias para manter a qualidade de vida e qualificar o cuidado da população idosa, que apresenta uma elevada prevalência de doenças crônicas degenerativas e incapacitantes, entre elas, a Doença de Parkinson.
Quem nos fala sobre ela é o médico neurologista Dr. Caio Monteiro Pontes, da It Neuro Diagnósticos, que tem promovido um atendimento neurológico de excelência para Itaperuna e região. “Cerca de 1% da população mundial é diagnosticada com a Doença de Parkinson, demonstrando a necessidade de extrema atenção da sociedade. Os principais sintomas envolvem: tremor em repouso, rigidez, déficits no equilíbrio e na marcha, lentidão e redução na amplitude dos movimentos. Essas desordens motoras podem levar o paciente a isolamento social, perda de vontade para as atividades que antes costumava fazer, dependência para as atividades de vida diária, perda de autonomia e, consequentemente, redução de sua qualidade de vida. Também podem acontecer declínio intelectual e distúrbios cognitivos, tais como dificuldades de concentração e de memória para fatos recentes, dificuldades para cálculos e em atividades que requerem orientação espacial. Essas alterações costumam se intensificar com o avanço da doença, especialmente em pessoas idosas”, alertou.
Uma ideia muito recorrente, quando se fala na Doença de Parkinson, é acreditar que apenas idosos podem ter o problema. Dr. Caio comenta se isso é verdade. “A Doença de Parkinson é geralmente associada a pessoas com mais de 60 anos, porém ela também pode acometer jovens. Um dos casos mais conhecidos do Parkinson em pessoa jovem é o ator canadense Michael J. Fox, que ficou mundialmente conhecido com a trilogia ‘De volta para o Futuro’. Os primeiros casos de Parkinson nessa faixa etária foram relatados pela Movement Disorders Society em 1987. Na ocasião, foi descrito o termo médico ‘Doença de Parkinson Juvenil’. Neste grupo de pacientes, os indivíduos apresentavam um quadro de lentidão, rigidez e tremor de início entre 21 e 40 anos de idade. Os casos de Parkinson em jovens são muitas vezes um desafio, uma vez que a associação da doença costuma ser exclusiva dos idosos, dificultando a procura por um neurologista e o correto diagnóstico”, afirma o médico.
Ele explica, também, como identificar o problema. “O diagnóstico da Doença de Parkinson é realizado pela história clínica, exame neurológico e auxiliado por alguns exames de imagem. Primeiramente, para avaliação da enfermidade, utilizamos avaliação neurológica para detectar a presença dos seguintes sintomas: tremor que predomina ao ficar parado (tremor de repouso), lentidão dos movimentos (Bradicinesia) e rigidez. Esses sintomas se iniciam e predominam mais de um lado do corpo (assimetria). Embora o tremor seja o sintoma que mais assuste os pacientes, o indício mais importante para o diagnóstico é a lentidão dos movimentos. Constipação intestinal, distúrbios do sono, incontinência urinária, disfunção sexual e hiposmia (diminuição do olfato) são outros fatores que podem fazer parte do contexto da doença”, orienta Dr. Caio. “Com relação aos exames, uma dúvida frequente é se há possibilidade de diagnosticar o Parkinson quando todos ‘os exames deram normais’. É importante destacar que a base para o diagnóstico é o exame neurológico realizado por um médico de confiança. Exames laboratoriais, tomografia e a ressonância magnética convencional são em sua totalidade normais, sendo ferramentas apenas para descartar outras comorbidades confundidoras”.
Dr. Caio lembra que, até o momento, não há cura conhecida para o Parkinson, que é uma doença crônica e progressiva. O objetivo é, prioritariamente, controlar os sintomas. “O tratamento inclui o uso de medicamentos como levodopa e pramipexol, com o objetivo de aumentar a dopamina e outros neurotransmissores no cérebro, os quais ficam reduzidos nas pessoas com esta doença. Além disso, a prática de fisioterapia e terapia ocupacional são importantes para ajudar a melhorar a força e o equilíbrio, reforçando a autonomia. Certas mudanças de estilo de vida também podem ajudar no convívio com a enfermidade, tais como: manter uma dieta equilibrada, fazer exercícios regulares, respeitar os períodos de descanso, colocar corrimãos em áreas comumente usadas em casa e utilizar utensílios especiais para comer. Em alguns casos, porém com menor frequência, a cirurgia pode ser uma opção para pacientes com Parkinson severo, que já não respondem bem a medicamentos. São importantes o diagnóstico e o tratamento precoces, pois a doença tende a piorar, evoluindo para invalidez. O apoio social é muito relevante para os pacientes e representa uma estrutura que vai definir como cada um administrará o transtorno em sua vida diária”.