Dor no ombro? Saiba como lidar!

Dor no ombro? Saiba como lidar!
O médico Ortopedista e Traumatologista Dr. Luis Eduardo Abilio, especialista em Ombro e Cotovelo

O ombro é uma das articulações mais complexas do corpo humano e, justamente por isso, acaba sendo bastante vulnerável a lesões e fraturas. Embora elas sejam comuns em idosos, que sofrem com o desgaste natural da articulação, também podem acometer jovens e adultos, dependendo do estilo de vida de cada um. Mas é importante ficar alerta e não ignorar o problema, já que muitas lesões necessitam de tratamento imediato e possuem um grau de complexidade maior, exigindo a atenção de um especialista.

Quem nos fala sobre o assunto é o médico Ortopedista e Traumatologista Dr. Luis Eduardo Abilio, especialista em Ombro e Cotovelo pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO-RJ), que destaca os problemas mais recorrentes nessa área do corpo. “Entre as lesões mais comuns dos ombros, destaco a lesão no Manguito Rotador, que é um conjunto de músculos responsáveis pelo movimento do ombro, muito frequentemente comprometido por inflamação e desgaste em caráter progressivo até sua ruptura completa, sendo mais comum com o avançar da idade (acima dos 60 anos de idade) ou em jovens engajados em esportes aéreos (vôlei, beach tennis, basquete, natação) e trabalhos que exijam grandes esforços com os membros superiores, além da condição genética como um fator predisponente isolado. Outra lesão comum no ombro são as luxações, ou seja, quando o ombro ‘sai do lugar’, trata-se de uma lesão grave, que pode trazer sequelas, especialmente se houver demora para ‘colocar o ombro no lugar’, isto é, reduzir a articulação, sendo mais comum nos jovens, principalmente após algum trauma no ombro”, afirma o médico. “Além do trauma, outro fator predisponente importante é a hiperfrouxidão ligamentar, caracterizado pelos pacientes com hipermobilidade articular”, acrescentou.

O tratamento das lesões do manguito rotador, segundo ele, passa pelo exame físico adequado, o entendimento das atividades diárias e a demanda de cada paciente, assim como o tamanho da sua lesão vista através de exame de imagem. “A partir daí, decidimos o melhor tratamento possível, sendo normalmente necessário fisioterapia adequada, fortalecimento muscular e, dependendo da lesão, temos que optar pelo tratamento cirúrgico. Já as luxações responsáveis pela instabilidade recorrente do ombro (aquele ombro que ‘sai do lugar após algum movimento’), devido a sua gravidade e, principalmente, sua capacidade de gerar cada vez mais lesões, normalmente são de tratamento cirúrgico. A cirurgia para tratamento das lesões do manguito rotador e/ou instabilidade do ombro são feitas por artroscopia (vídeo), que é o que tem de mais novo na atualidade. Não fazemos incisão cirúrgica (corte grande) na pele. Através de uma câmera (artroscópio) e pequenos furos na pele, reparamos essas lesões de forma menos invasiva possível”, explicou o médico.

Ele ressalta, também, a importância de agir rapidamente nesses casos. “O tratamento correto é imprescindível para o resultado esperado dessas lesões, ou seja, movimento completo e indolor do ombro. No caso das lesões do manguito rotador, por ser uma lesão evolutiva, iniciando-se com tendinose (desgaste do tendão), evoluindo para rotura parcial e, então, para rotura completa do tendão, se conseguimos agir logo no início, o tratamento conservador normalmente tem sucesso, sem a necessidade de cirurgia, que se torna necessária nas lesões mais complexas do tendão. Já nas luxações/instabilidades, além do risco de o ombro sair do lugar durante alguma atividade física, durante o trabalho ou enquanto estiver dirigindo, por exemplo, representando até um risco em algumas situações, a longo prazo gera artrose precoce, dificultando e, principalmente, mudando a indicação cirúrgica, que inicialmente seria uma artroscopia para reparo das lesões, por uma cirurgia aberta mais invasiva e com mais riscos de complicações”, alerta Dr. Luis Eduardo Abilio. “Ao primeiro sinal de dor no ombro, de forma persistente, é imperativo a avaliação do especialista, para realizar exame físico e exame de imagem”, finalizou. Texto produzido em: 19/04/2022

Avanço científico

Recentemente, Dr. Luis Eduardo Abilio teve o artigo “Fratura por estresse diafisária do úmero em atleta de tênis adolescente: Relato de caso” publicado na Revista Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (RBO), edição janeiro/fevereiro 2022, que é a principal revista a nível nacional da especialidade. O episódio chamou a atenção pela especificidade. “É apenas o 2º caso relatado no mundo de fratura do úmero distal (braço) por estresse em adolescente praticante de tênis, em que tratamos de forma conservadora, sem necessidade de cirurgia, com excelente resultado, e a volta do atleta às suas atividades sem dor e sem limitação. Foi também apresentado no V Congresso da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte (SBRATE) em 2019”, disse o médico.