Cuide da sua mente!

Cuide da sua mente!
O médico Dr. Aldo Pierott

Neste começo de 2022, parece que finalmente estamos vencendo a pandemia do novo coronavírus. Claro que os cuidados devem ser mantidos, desde a higienização das mãos até à vacinação completa. Mas já podemos ver surgir no ar outra questão importante para lidarmos: as consequências para a saúde mental depois de quase dois anos de isolamento social.

O médico Dr. Aldo Pierott fez Pós-Graduação em psiquiatria e fala como percebe isso no consultório. “Tenho percebido uma alteração grande nas crianças. E, quando isso ocorre, todo o núcleo familiar é afetado. O fato de muitas pessoas ficarem em home office aumentou o convívio entre as famílias e isso nem sempre é fácil. São pessoas distintas, com desejos distintos. Outro aspecto é a educação, que muitas vezes as famílias deixavam inteiramente por conta da escola, e, neste período, viram-se obrigadas a terem que passar por esse processo sozinhas. A falta de convívio social das crianças e adolescentes com colegas da mesma faixa etária também traz prejuízos para o desenvolvimento da relação interpessoal. No contexto geral, a pandemia mexeu com todo mundo, inclusive com as famílias que perderam entes queridos neste período”.

O sofrimento mental é um dos maiores fatores de adoecimento em todo mundo, mas ainda não é discutido de forma suficiente pela sociedade. Dr. Aldo fala sobre como a ansiedade pode ser identificada. “Eu costumo dizer que é importante verificar se você está tendo algum prejuízo social por causa dessa ansiedade. O mundo está muito complexo. A inconstância da vida é natural, o que não pode é você passar a ter prejuízo na sua funcionalidade. Se você começa a ter dificuldades em desempenhar o seu trabalho, a brigar mais no seu relacionamento, a sentir um desânimo para sair de casa, deve observar esses momentos com mais atenção. O ‘perder a vontade de fazer as coisas’ é um sinal de alerta importante de que algo não está certo”.

Cuide da sua mente!Como muitas vezes é difícil a própria pessoa perceber que está entrando em uma espiral de ansiedade ou depressão, Dr. Aldo explica como quem está em volta pode ajudar. “A melhor coisa é oferecer uma escuta. Nos meus atendimentos, percebo muito que a pessoa só quer desabafar. Hoje é tudo muito rápido, as pessoas não escutam mais umas às outras. E essa escuta deve ser feita sem julgamentos, deixando a pessoa se sentir à vontade. Permitir que ela tenha o momento dela. E, nos casos mais críticos, em que se percebe que a pessoa pode se colocar em risco ou a outros, deve-se procurar ajuda especializada”.