A ginecologista também alerta para a diferenciação entre o DSH e a falta de libido, que não é, necessariamente, causada por alguma disfunção do organismo. “O termo libido já é bem complicado, pois o entendemos como pulsão sexual, uma energia sexual, energia de vida. Então, não o utilizamos muito no campo científico”, diz.
Os sintomas do DSH são progressivos. Antes de chegar à redução ou à completa ausência do desejo sexual, os primeiros sinais podem se manifestar com dificuldade de atingir o orgasmo e mudanças físicas, como a falta de lubrificação e a dor durante a penetração. Além de comprometer o desejo, os sintomas levam a relações desconfortáveis e sem prazer e são sinais específicos de que é o momento de procurar ajuda médica. Mulheres com essa disfunção, em geral, são tratadas em uma abordagem multiprofissional. Segundo Fairbanks, especialistas em sexologia, ginecologistas, urologistas, psiquiatras e psicólogos estão entre os profissionais habilitados para tratar o DSH.
As causas da ausência de desejo sexual podem estar relacionadas à faixa etária da paciente. Um marco importante é a época da menopausa, quando, além da queda da produção hormonal, podem surgir conflitos psicológicos, como ansiedade e depressão. Estresses mais agudos do dia a dia e situações de desgaste de relacionamentos são outros complicadores frequentes. “Antes da menopausa, é mais raro um problema hormonal como estopim da disfunção sexual”, diz a ginecologista. “Já o inverso acontece na pós-menopausa, fase em que a deficiência hormonal, em parcela considerável das mulheres, é uma das principais causas”.
A multiplicidade de fatores dificulta o diagnóstico de DSH. Como diversos sintomas são comuns a outras disfunções, como problemas de tireoide e doenças cardiovasculares, o primeiro trabalho dos especialistas é afastar hipóteses de outras doenças. Para chegar a um diagnóstico por exclusão, o diálogo entre médico e paciente é fundamental. Raramente são encontradas alterações nos resultados de exames físicos, já que o desejo sexual não se relaciona a um órgão específico. Para Fairbanks, os benefícios do cuidado com a saúde sexual são evidentes. “Os tratamentos atuais são eficientes e podem devolver às mulheres boa parte da alegria de viver”. A comunicação também é fundamental quando a ausência de desejo se dá em meio a um relacionamento. A dica dos especialistas é esclarecer ao parceiro ou parceira que o DSH é uma condição de saúde que nada tem a ver com falta de amor.