Quem utiliza as redes sociais já deve ter se surpreendido com profissionais da área ginecológica que lidam com os temas da especialidade de forma moderna e arrojada, não é mesmo? Seja nos textos, seja nas imagens, o que predomina em muitos perfis é um tom mais desinibido em relação à ginecologia, sempre se referindo à parte íntima da mulher com maior descontração, a fim de gerar maior apelo ao público.
Toda essa informalidade, é claro, beneficiou em muito a relação entre médico e paciente, já que os ginecologistas utilizam uma linguagem mais próxima do dia a dia das mulheres, facilitando a comunicação, e elas, por sua vez, se sentem mais conectadas aos seus respectivos médicos, inclusive tendo mais acesso a eles por meio do celular. Sem dizer que, com tamanha profusão de conteúdos, as mulheres ficam mais informadas de diversos assuntos relativos à especialidade, trazendo inúmeros ganhos para a saúde.
A médica ginecologista e obstetra Dra. Jane Carla Viana Neves Silva, por exemplo, vê benefícios nessa nova forma de se comunicar com as pacientes, bem como na proximidade fomentada pelas redes. “As pacientes hoje procuram profissionais que possam despertar empatia, sejam claros e que não as deixem com dúvidas. As redes sociais oferecem muitas informações e fica difícil tentar garimpar o que é ou não verdade, e nós, profissionais, desmitificamos que somos inatingíveis, expondo o conhecimento para que as mesmas se sintam à vontade em tirar suas dúvidas”, diz a médica. “Tenho observado que as pacientes se sentem mais seguras quando já te conhecem pela rede social, pois se sentem mais abertas para conversar e expor seus dilemas”, acrescentou.
Dentro de um contexto onde milhares de jovens passam o dia nas redes sociais (lembrando que o Brasil é o terceiro país do mundo que mais faz uso dessas ferramentas), é importante aproveitar o ensejo para reforçar a necessidade de as meninas saberem quando procurar o ginecologista. Dra. Jane Carla comenta qual o momento mais indicado para as jovens irem pela primeira vez ao médico.
“As meninas precisam procurar o ginecologista caso o pediatra encaminhe ou os pais observem qualquer necessidade. Se for traçar uma linha cronológica, a primeira visita até os 8 anos tem o objetivo de avaliar crescimento e higiene, até os 13 anos faz-se a avaliação do desenvolvimento sexual e orientações sobre sexualidade e, após 14 anos, tira-se as dúvidas sobre relacionamentos e métodos contraceptivos, somente para simplificar”, comenta a médica, lembrando que, apesar do avanço tecnológico, ainda existem muitos tabus quanto ao tema entre o público feminino.
“Infelizmente, independente das informações nas redes sociais, elas ainda são cercadas de dúvidas e mitos. Já quando procuram ginecologista nas redes, elas buscam aquelas que acham mais próximas ao seu linguajar e que consigam transmitir de forma clara as suas necessidades. Mas hoje elas são mais ávidas na busca de informações”, pontuou.
Dra. Jane Carla deixa, por fim, um alerta importante nesses tempos em que a quantidade de informações disponíveis na rede às vezes pode ofuscar a relevância do acompanhamento médico. “A rede social realmente oferece muita informação, porém não é o local de se diagnosticar e muito menos tratar pacientes. Usamos as redes como uma forma de orientação, como ferramenta de fácil acesso e rápida divulgação, além de atingir todas as faixas etárias”, concluiu.