Muito se fala, nos dias de hoje, sobre a endometriose. Mas será que as mulheres, de fato, conhecem a doença? A pergunta é ainda mais pertinente dentro de um mundo onde cerca de 180 milhões de mulheres convivem com a endometriose, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde. Já no Brasil, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ela afeta cerca de 10% das mulheres, a maioria entre 25 e 35 anos de idade, causando grande repercussão na saúde feminina, especialmente na fertilidade.
Para abordar o assunto, o Mania de Saúde ouviu a médica ginecologista e obstetra Dra. Jane Carla Viana Neves Silva, que explica como a doença pode se manifestar. “A endometriose é famosa e o excesso de informações que são lançadas acabam por gerar extrema angústia e incerteza sobre mulheres que temem a doença. Por isso é necessário fazer uma avaliação ginecológica para sanar todas as dúvidas e obter o diagnóstico do especialista. Mulheres com endometriose podem ser assintomáticas ou apresentar queixas de dismenorreia (cólicas menstruais), dispareunia (dor no ato sexual), aumento do fluxo menstrual, dor pélvica crônica e/ou infertilidade, sintomas urinários ou evacuatórios perimenstruais”, afirma a médica.
Ela esclarece como a endometriose é detectada. “O diagnóstico é feito através do exame ginecológico associado a exames de imagem. O exame ginecológico pode ser normal ou até apresentar algumas características que podem sugerir a patologia. O padrão ouro para diagnosticar a doença é a videolaparoscopia, mas a ressonância magnética é o método mais utilizado”, conta Dra. Jane, lembrando que há muitos casos de mulheres que têm a doença e não sabem. “Com certeza, existem muitos casos assintomáticos e não diagnosticados”, acrescenta ela.
Dra. Jane comenta, também, os riscos da endometriose e como é feito o tratamento. “A endometriose pode levar a um processo inflamatório pélvico, que pode dificultar a fertilidade, além da dor pélvica crônica, que piora progressivamente no período menstrual, gerando transtornos físicos, psíquicos e sociais à mulher acometida. Por isso é necessário o acompanhamento e tratamento. Dependendo da localização da endometriose, pode gerar fluxo menstrual aumentado que, associado à dor, tornam algumas atividades impossíveis de se realizar. O tratamento deve ser multidisciplinar e a escolha do método deve levar em consideração os seguintes fatores: 1) a idade da paciente e o desejo de engravidar 2) a gravidade dos sintomas, a extensão e localização da doença. A partir destas informações, decide-se em conjunto qual a melhor linha de tratamento: a medicamentosa, a cirúrgica ou a combinação de ambas as intervenções”.
Vale ressaltar que, na atualidade, segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a endometriose tem sido encarada como um problema de saúde pública, tanto por seu impacto na saúde física e psicológica da mulher, quanto pelo fator socioeconômico decorrente dos custos para o seu diagnóstico, tratamento e monitoramento. O tratamento deve ser sempre individualizado, visando a promoção da melhoria global da qualidade de vida das pacientes.
O que é Endometriose?
Endometriose, segundo o Ministério da Saúde, é uma doença inflamatória provocada por células do endométrio (tecido que reveste o útero) que, em vez de serem expelidas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar. Ela é reconhecida desde o século XVII e, a cada ano, vem ganhando maior interesse público, pelo impacto ocasionado à saúde da mulher.