Audição! e sua relação com o Covid-19

Desde que se iniciou a pandemia do novo coronavírus, médicos e cientistas de todo o planeta se debruçam sobre as repercussões do Sars-CoV-2 no organismo humano, especialmente as manifestações que podem ocorrer no período pós-doença. Entre os muitos aspectos que vêm sendo estudados, está a perda auditiva, já que o vírus pode influir de diferentes maneiras em nossa audição.

É o que conta, ao Mania de Saúde, a Dra. Eliana Mancini, sócia-proprietária e fonoaudióloga responsável pela Sonoris Campos. “Existem diferentes formas do vírus gerar a perda auditiva. Uma delas é a inflamação da cóclea ou nervo auditivo diretamente pelo vírus. Há, também, a possibilidade da chamada reação cruzada: anticorpos ou células T que poderiam confundir a orelha interna com o vírus. Outro caso seria a alteração vascular, pois as alterações de trombose são bem descritas na Covid-19 e podem levar à isquemia na orelha interna. Doenças imunomediadas, por sua vez, podem ser ativadas pelo vírus, afetando a parte auditiva e do equilíbrio. Além disso, algumas medicações muito usadas para o tratamento da Covid-19 possuem perda auditiva descrita como um dos seus efeitos colaterais, como hidroxicloroquina e azitromicina, por exemplo”, diz a fonoaudióloga. “É importante ressaltar, entretanto, que ainda não existe comprovação científica para estes fatos, porque tudo ainda é muito novo e depende de muito estudo. Mas já existe, no meio científico, uma suspeita que tudo isso possa ocorrer”.

Embora a ciência ainda se debruce sobre essas alterações, na prática, Dra. Eliana percebe algumas mudanças provocadas pela pandemia. A maior delas é a percepção sobre a perda auditiva. “O que mais vejo hoje são pessoas que antes estavam bem, mas agora não estão. Elas escutam, mas não entendem”, destaca a fonoaudióloga, lembrando que vários fatores podem levar o indivíduo a perceber o problema auditivo. “Primeiro: ele já poderia ter uma perda auditiva leve, mas não notava, porque fazia o uso da leitura labial e da expressão facial. Ele compreendia porque, em vez de apenas ouvir, também utilizava a visão. Sem dizer que era uma pessoa socialmente ativa, que saía, fazia suas atividades e não notava o problema. Até porque o indivíduo às vezes custa mais a reclamar. Normalmente a família é que começa a se queixar. Mas, com o isolamento, isso mudou. Muitos tiveram o convívio limitado, inclusive familiar. E, muitas vezes, esse indivíduo ficou em casa com acompanhante, usando máscara. O que noto, assim, é que muitas pessoas já tinham um problema auditivo, mas era um problema leve e que não incomodava, pois elas não percebiam. Mas agora, com o isolamento, mais o uso das máscaras, passaram a perceber, ficando então a dúvida se foi realmente uma alteração da Covid-19 ou se esse isolamento é que provocou a percepção do problema”, acrescentou.

A boa notícia é que, atualmente, os aparelhos auditivos estão cada vez mais modernos e intuitivos, auxiliando os usuários a terem uma melhor experiência auditiva nos mais variados contextos. “Nessa pandemia, ficou muito evidente o uso do celular, pois, se a pessoa não pode sair e ter o convívio de antes, ela pode ligar para seus familiares. Um dado muito interessante, nesse sentido, são os novos aparelhos da Phonak, pois todos eles, do mais simples até o mais sofisticado, se conectam ao celular. Então, em uma ligação normal, a pessoa consegue ouvir nas duas orelhas. Ela pode colocar o celular na orelha direita, por exemplo, mas vai ouvir também na esquerda. Lembrando que, nesse caso, não é a função viva voz. É a ligação mesmo, através do bluetooth, pois todos os aparelhos da Phonak têm essa conexão”, afirma Dra. Eliana. “Hoje em dia o telefone passou a ser um item essencial, todo mundo quer ouvir um áudio, uma mensagem, um vídeo etc. O celular, então, se conecta ao aparelho e manda esse som limpinho para a pessoa escutar como se tivesse com o telefone na orelha, via bluetooth, com total comodidade. Isso aproximou muitas pessoas, que têm utilizado o telefone para minimizar os efeitos do isolamento”.

Dra. Eliana Mancini, sócia-proprietária e fonoaudióloga responsável pela Sonoris Campos