
A dor de cabeça é, sem dúvidas, uma velha conhecida dos brasileiros. Basta lembrar que esse desconforto atinge pelo menos 70% da população, segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia. Mas a verdade é que, se levarmos em conta a forma como o problema se manifesta em tantas pessoas, é de se imaginar que a proporção de indivíduos com dor de cabeça seja bem maior. Mas qual é a maneira correta de lidar com esse problema? Quais os riscos de se automedicar? Como tipificar corretamente esse desconforto?
Para responder a estas perguntas, entrevistamos o médico neurologista Dr. Caio Monteiro Pontes, da It Neuro Diagnósticos, que tem promovido um atendimento neurológico de excelência para Itaperuna e região. Ele explica quais fatores podem contribuir para esse problema, além de ressaltar a importância de não banalizar a cefaleia, que deve ser observada com critério, a fim de resguardar a nossa saúde. Confira!
Mania de Saúde – A dor de cabeça é um dos problemas mais comuns em nosso dia a dia. Mas qual é a maneira correta de lidar com ela? Existem tipos e causas diferentes?
Dr. Caio Monteiro Pontes – Dor de cabeça é um sintoma altamente prevalente na sociedade, refletindo diretamente na qualidade de vida, em fatores econômicos e sociais. O termo utilizado cientificamente chama-se cefaleia. Trata-se de uma condição que causa comprometimento emocional, nas relações familiares e queda tanto em rendimento profissional como acadêmico. Apesar de ser um sintoma bastante frequente, muitas pessoas não sabem lidar com esse problema. Diante de um cotidiano cada vez mais exigente é comum apresentarmos gatilhos para dor, tais como: estresse, insônia, jejum prolongado, baixa ingestão de água, sedentarismo e consumo de cafeína e bebidas alcoólicas. Um modo de vida mais saudável, envolvendo uma rotina de alimentação, higiene do sono e atividades físicas equilibradas torna-se o primeiro procedimento a ser adotado. Em relação aos tipos de cefaleia, existe uma extensa classificação a qual se baseia em fatores causais, características específicas da dor, intensidade e frequência. Entre os tipos mais comuns destacam-se a cefaleia tensional e a enxaqueca.
Mania de Saúde – Esse é um dos problemas que fazem as pessoas se automedicarem com mais frequência. Quais erros podem ocorrer nesse processo?
Dr. Caio Monteiro Pontes – Conforme dito anteriormente, a população não tem conhecimento em como lidar com esse sintoma. Além disso, vem ocorrendo uma banalização da cefaleia, com tratamento indevido através da automedicação. No entanto, tal prática não encontra-se isenta de riscos. Ao ingerirmos qualquer medicamento estamos sujeitos a seus efeitos adversos. Acrescenta-se também o fato de o consumo crônico de analgésicos desencadear o fenômeno da tolerância, tendo como resultado o uso de quantidade cada vez maior nos momentos de dor. Com o tempo, desenvolve-se também a resistência medicamentosa, em que mesmo os analgésicos em quantidade elevada não promovem o alívio do sintoma. Sendo assim, a cefaleia persiste por horas ou até mesmo dias.
Mania de Saúde – Quando a dor de cabeça deve merecer mais investigação? Quais doenças podem estar relacionadas e quais casos exigem um tratamento mais apurado?
Dr. Caio Monteiro Pontes – A classificação das cefaleias divide-se em 2 grupos: as primárias (sem causa subjacente) e as secundárias (causadas por alguma doença que produza cefaleia como um de seus sintomas). As primárias são as mais comuns, porém devemos ficar atentos aos sinais de cefaleia secundária. Dentre estes, destacam-se: início súbito, a primeira ou pior dor de cabeça da vida, história de câncer, presença de febre, associação com traumatismo craniano. Nesses casos, a dor seria consequência de alguma condição clínica ou neurológica, citando-se como exemplos: hemorragia cerebral, meningites, encefalites, lesões expansivas, entre outras. Diante desse cenário, torna-se necessária a realização de exames laboratoriais e de imagem para auxílio em diagnóstico. O tratamento é feito pelo controle das enfermidades associadas.