Saiba como tratar e controlar a diabetes

Dr. Cláudio Cola

Na edição passada, vimos as diferenças entre os tipos de diabetes. Neste mês, o médico e professor Dr. Cláudio Cola nos explica que o tratamento também muda de acordo com o tipo da doença.
“Como vimos na matéria anterior, por serem causados por diferentes métodos, os tipos de diabetes serão tratados de diferentes formas. No tipo 1, uma vez identificado o risco familiar deste diabetes e sabendo-se que o pâncreas pode ser ‘atacado’ por anticorpos, se deve proteger a criança das chamadas situações gatilho ou desencadeantes, visando retardar ao máximo o início do quadro e do uso de insulina aplicável, com uma reposição adequada de vitamina D, redução ou exclusão da oferta de glúten, lactose e outros alérgenos alimentares, reforço imunológico e outras. No tipo 2, considerando a sua íntima relação com o estresse e a subsequente liberação do hormônio cortisol, já se entende porque uma em cada 4 pessoas no mundo padecem deste mal. A tensão e o estresse do dia a dia estimulam o seu cérebro com a liberação da dopamina e este, dentre outros fatores, vai estimular a hipófise a fazer com que a nossa supra renal libere o cortisol, alterando o ritmo normal diário de liberação deste. Em condições normais, esse hormônio, de forma simples, ‘nos prepara para a guerra’, ou seja, é liberado no início da manhã para que você saia de casa animado, ‘ligado’, com energia ou açúcar estocado na forma de gordura, para que tenha disposição de trabalhar produtivamente por algumas horas e, com a queda deste, voltar para casa no final do dia já mais relaxado, menos ativo e preparado para começar o repouso”.
Dr. Cláudio prossegue afirmando que a nossa rotina também interfere nesse processo. “Acontece que hoje o estresse é grande, as jornadas de trabalho são duplas ou triplas, e o decréscimo natural e vespertino desse hormônio ocorre muito antes da hora que você pode relaxar e então ele é novamente liberado e volta a surgir e você chega em casa tarde, mas ainda ligado, com muita fome, sem sono nenhum e muito irritado, e com o tempo percebe o aumento da sua circunferência abdominal pelo acúmulo de gordura entre as vísceras promovidas pelo cortisol. Então, o estresse é o nosso principal vilão e inimigo a ser abatido: por mais que seja estafante, e com certeza é, a sua rotina diária, inclua momentos de lazer, atividades físicas e relaxamento e, com isso, reduza a liberação do cortisol. Nesta esteira de muita coisa a se fazer e pouco tempo, quem mais sofre é a sua dieta e você passa a usar alimentos de fácil acesso caracterizados por serem ricos em gorduras saturadas e carboidratos simples, favorecendo novamente o aumento da gordura e contribuindo para o que o excesso de cortisol já fez. Ou seja, o que pode te ajudar a sair da RI e consequentemente da SM não é nada impossível”, explica o médico. “De forma geral, controlar e selecionar a oferta de glicose vai ajudar diretamente os três tipos que vimos porque vai facilitar o trabalho da insulina, até mesmo para o tipo 1 que, mesmo já não a tendo, vai precisar de doses menores deste hormônio injetável. Ter uma dieta rica em carboidratos complexos, conhecidos por serem compostos por grandes moléculas de açúcar e fibras, vai liberar lentamente a insulina, fazer com que os níveis de glicemia variem lentamente, não vai gerar acúmulo de gordura e vai manter o indivíduo mais tempo saciado, sobrecarregando menos as células beta do pâncreas. A redução do estresse e da ansiedade, o controle do peso, dos níveis de colesterol e triglicerídeos e a atividade física, também ajudarão muito no controle da glicemia e irão evitar a instalação e até mesmo reverter totalmente o risco de RI e SM se forem incorporados a sua rotina antes da falência total que impõem ao pâncreas. Ou seja, com o conhecimento e os recursos que temos hoje, a possibilidade de manter uma qualidade de vida elevada pode ser alcançada tanto para aqueles que embora portadores do tipo 1, usarão menores doses de insulina, quanto para aqueles que podem se livrar definitivamente do diabetes tipo 2. Embora seja completamente realizável e seja acessível, o tratamento adequado deve ser conduzido por profissionais competentes e que dominem as diferentes formas de modular o seu metabolismo à medida que ele é corrigido e estabilizado”.