Os idosos e seus cuidados essenciais

Dra. Eliza
Miranda Costa
Caraline

O envelhecimento populacional é, sem dúvidas, um dos grandes desafios para a humanidade. Basta lembrar que, pela primeira vez na história, a porcentagem de pessoas idosas é maior do que a de crianças até quatro anos, segundo estatísticas da ONU. Isso significa que, na maioria dos países, as pessoas estão vivendo mais e tendo cada vez menos filhos, provocando assim enormes mudanças em nosso cenário social.
Um exemplo é a própria expansão do número de cuidadores de idosos, uma profissão que vem crescendo a olhos vistos e que será cada vez mais demandada nas próximas décadas. Para abordar o assunto, ouvimos a médica pós-graduada em Geriatria, Dra. Eliza Miranda Costa Caraline, que destacou como esse mercado vem se comportando diante do envelhecimento populacional. “A gente vive, em nosso país, uma transição demográfica, com um aumento significativo da parcela da população envelhecida. Estamos invertendo essa pirâmide demográfica e, com isso, o número de cuidadores de idosos vem aumentando. Sendo assim, todo mundo que envelhece vai precisar de um cuidador? Não. Mas muitas situações vão levar à necessidade de um cuidador”, diz Dra. Eliza. “Esse cuidador não necessariamente é um enfermeiro, um técnico de enfermagem ou um profissional de saúde, mas a ideia é que ele seja cada vez mais capacitado”, acrescentou a médica.
Ela traça, ainda, o perfil desses profissionais. “Em um primeiro momento, a gente tem os cuidadores formais e os cuidadores informais, que era o mais comum até pouco tempo em nosso país. Ou seja: a própria família cuidando do idoso. Na maioria das vezes é uma filha viúva, uma filha que não saiu de casa ou que não casou e acaba virando cuidadora da família. E, ao mesmo tempo, há os cuidadores formais, que são profissionais contratados e pagos para esse tipo de serviço pelas famílias. A gente sabe que, no nosso país, é uma realidade difícil, porque pagar um cuidador custa caro. É um custo pesado para as famílias. Então, na maioria das vezes, as pessoas acabam se dividindo para fazer esse cuidado”, pontua a médica. “Mas, apesar da questão financeira, esse mercado de trabalho vem crescendo e a gente precisa de pessoas qualificadas. Existem inúmeros cursos bons no nosso país, que são específicos para cuidadores de idosos”.
Dra. Eliza ressalta, ainda, o papel deste profissional. “Cuidador de idoso não é enfermeiro para ficar fazendo medicação injetável no paciente ou cuidados com feridas extensas. E, ao mesmo tempo, não é empregado doméstico para fazer serviços da casa. Ele é cuidador do idoso, para organizar as coisas do idoso, ajudar na sua vestimenta, na alimentação, nos cuidados pessoais, nas atividades básicas de vida diária que o idoso faria sozinho, como se vestir, se cuidar, o autocuidado, vendo a medicação oral que ele precisa tomar, a administração das pequenas coisas dentro de casa, o cuidado com o quarto e o ambiente em que o idoso está vivendo, não de limpeza, como um empregado doméstico, mas de cuidados mesmo com as coisas daquele paciente”.
Mas qual é a hora certa de contratar um cuidador? Dra. Eliza responde. “Isso é muito relativo. A base que a gente tem é: esse idoso ainda está funcional, tem uma funcionalidade preservada, ele consegue executar suas atividades básicas e instrumentais de vida diária de uma forma autônoma e independente? Se sim, que ótimo, então ele não precisa de um cuidador. Mas a partir do momento em que esse idoso passa a ter prejuízo em sua funcionalidade, passa a precisar de ajuda para exercer suas atividades, ele vai precisar de um cuidador, seja formal ou informal. E, nesse momento, é necessário um diálogo muito aberto entre cuidadores, família e profissional de saúde. Tem que haver uma harmonia, uma logística, um trabalho em equipe e uma boa relação médico/paciente, médico/família, médico/cuidador, com todos trabalhando em conjunto, com o único objetivo de promover uma melhor qualidade de vida e bem-estar para esse paciente”.