Esse cuidado é essencial em tempos de pandemia

Cuidar da saúde bucal faz muito bem para o sorriso e para a saúde do corpo. Nesse momento de grandes desafios para os serviços de saúde e para a saúde da população com a pandemia causada pelo coronavírus, bons hábitos de higiene e aderir a comportamentos que refletem em saúde nunca foi tão importante.
É o que diz, ao Mania de Saúde, a cirurgiã dentista Dra. Luciana Barbosa, Periodontista e Mestre em Imunologia. “Estamos percebendo, na rotina de atendimentos médicos e odontológicos, um agravamento e alto impacto da pandemia na saúde bucal e geral da população. Pesquisas têm demonstrado que a cavidade bucal seria porta de entrada para o trato respiratório e gastrointestinal, local ativo de infecção e reservatório do vírus tão temido. Ele, inclusive, pode interagir com a microbiota bucal, pulmonar e intestinal, conforme estudo de Zhenting Xiang (2021). Doenças bucais como cárie, halitose e doenças periodontais (gengivite e periodontite) afetam a saúde, estética, infecção, inflamação e comprometem a qualidade de vida de grande parte da população”, afirma Dra. Luciana.
Ela lembra que, epidemiologicamente, a gengivite é a forma inicial de inflamação, reversível e mais comum de doença periodontal. “A gengiva é um espelho do organismo. Pode refletir alterações hormonais, sanguíneas e doenças sistêmicas. É importante ressaltar que gengiva saudável não sangra. O sangramento gengival liga o sinal de alerta de que algo está errado. Podemos perceber esse sangramento ao escovar, usar o fio dental, ao morder algum alimento ou até mesmo espontaneamente”, diz a especialista. “Do ponto de vista de progressão, na perpetuação do biofilme bacteriano (aquela massinha que percebemos acumular nos dentes) e na ausência de tratamento, a gengivite pode evoluir para periodontite, que é uma forma destrutiva da doença periodontal, com perda do periodonto de inserção (ligamento periodontal e osso alveolar). A prevalência, extensão e severidade está associada a condições e doenças que afetam a imunidade, diabetes, cigarro, medicamentos, desequilíbrio das bactérias bucais, higiene bucal deficiente, alterações salivares e nutricionais”, acrescentou.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo ela, recomenda priorizar abordagens de fatores de risco comuns em todas as intervenções direcionadas às DCNT, a fim de chamar a atenção para a relação entre doenças bucais e condições crônicas como diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares, hipertensão e cânceres. “A periodontite é uma das doenças inflamatórias crônicas não transmissíveis (DCNT) mais prevalentes no mundo. Alguns estudos associam as doenças periodontais a piores desfechos, inflamação sistêmica, doenças cardiovasculares, renais, diabetes mellitus, prematuridade, complicações pulmonares, gravidade e mortalidade resultante da infecção da Covid-19. A placa bacteriana pode abrigar patógenos respiratórios e periodontais. Esses agentes podem atingir a circulação sistêmica e invadir as células hospedeiras”, frisa Dra. Luciana. “Atualmente, a população sofre com esse vírus, mas já enfrentava o impacto de sequelas das doenças crônicas não transmissíveis. A periodontite compartilha fatores de risco comuns com a maioria das doenças inflamatórias crônicas (DCNT) conhecidas por influenciar a gravidade do Covid-19”.
Um estudo recente, aliás, identificou que o risco de complicações da Covid-19 foi significativamente maior entre os pacientes com periodontite moderada a grave em comparação com aqueles sem periodontite. Existem ainda muitas outras vertentes em estudo na atualidade. Mas o importante é ficar alerta e buscar o seu periodontista para avaliação e tratamento. A prevenção é sempre o melhor caminho.