Como lidar com ambientes climatizados

Há mais de um ano, a pandemia do novo coronavírus transformou o ambiente social em todo o mundo. Além do uso de máscaras e álcool gel, no entanto, existe outro cuidado que não pode passar despercebido: a qualidade do ar em ambientes fechados. Quem nos fala um pouco sobre esse assunto é Douglas Ferreira de Souza Almeida, engenheiro mecânico especializado em HVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar-condicionado). Funcionário da Petrobras e responsável técnico pela empresa TermoIta Engenharia de Condicionamento de Ar, ele explica como a pandemia tem reforçado a necessidade de cuidar desses ambientes. “Existe uma preocupação antiga, por parte da Organização Mundial da Saúde, em relação à qualidade do ar em ambientes fechados. A OMS a denomina de Síndrome do Edifício Doente. Trata-se de uma série de doenças desencadeadas pela proliferação de microrganismos e agentes químicos presentes nesses locais. A pandemia, entretanto, reforçou essa preocupação, por conta da Covid-19”, disse. Segundo Douglas, os ambientes fechados se caracterizam por não possuírem um sistema de climatização. Já ambientes climatizados são aqueles cujas edificações têm ar-condicionado e, por isso, requerem ainda mais atenção. “Nesse contexto, é importante que haja uma avaliação profissional, a fim de realizar o dimensionamento correto do sistema de ventilação do recinto, visando a diluição dos contaminantes presentes, mediante um projeto de renovação do ar. Com isso, haverá a instalação dos equipamentos adequados, porque existe a necessidade de manter uma vazão específica para aquele recinto e isso está condicionado a várias variáveis, como o número de pessoas, a dimensão do local, os contaminantes presentes etc. Quem está habilitado a fazer esse tipo de estudo é o engenheiro mecânico”, lembra Douglas, citando outra etapa importante desse processo. “O uso de equipamentos que visam a renovação e a ventilação do ambiente é fundamental, mas existe também a questão da filtragem. Isso porque a gente vai captar o ar externo para insuflar naquele determinado ambiente. Só que a qualidade desse ar, em alguns casos, pode não estar boa. Logo, a gente vai fazer um estudo técnico, que envolve normas específicas, para adequar o processo de filtragem, visando insuflar esse ar com maior segurança”. Douglas lembra que a legislação também é explícita quanto a esse cuidado. Ela versa, por exemplo, sobre o Plano de Manutenção, Operação e Controle, ou PMOC. Trata-se de uma compilação de todos os procedimentos para verificação do estado de limpeza, conservação e manutenção da integridade dos sistemas de climatização exigidos pela Portaria MS 3532/98, do Ministério da Saúde. O objetivo é garantir a qualidade do ar em ambientes climatizados e a segurança dos sistemas de condicionamento de ar, em conformidade com a Resolução Anvisa 09 e NBRs 14.679/2011 e 13.971/2014. “Além disso, em 2018, devido ao aumento da preocupação com a saúde pública, foi sancionada a lei 13589, para qual todo edifício de uso público e coletivo que possui ambientes de ar interior climatizado deve dispor de um plano de manutenção, operação e controle dos respectivos sistemas de climatização”, alertou. A fiscalização dessas normas, por sua vez, fica a cargo da Vigilância Sanitária, com apoio de órgãos governamentais e representantes da comunidade. O importante é que empresas, repartições, clínicas, consultórios e demais espaços de uso coletivo se atentem às medidas preventivas para resguardar a saúde do público ali presente. Segurança nunca é demais. Texto produzido em: 22/06/2021