Condução e manejo de feridas complexas

O avanço da ciência e da tecnologia tem trazido inúmeros benefícios dentro da área da saúde. As possibilidades de tratamentos estão evoluindo em ritmo bem satisfatório, permitindo que problemas desafiadores ganhem novas perspectivas e até que sejam solucionados de maneira mais rápida.
É o caso das feridas mais complexas, que demandam mais atenção e cuidado em seu tratamento. Conversamos com a enfermeira Dra. Angela Amaral, responsável pela loja Só Pele, que detalha o que exatamente são essas feridas. “São as feridas desafiadoras para toda equipe (interdisciplinar). O termo ‘ferida complexa’ é uma nova definição para identificar aquelas feridas crônicas ou agudas ou mesmo as já bem conhecidas, que representam um desafio em seu tratamento. Feridas que representam grande impacto à saúde pública, pois oneram o sistema com tratamentos ambulatoriais prolongados, pagamento de benefícios por longo período e muitas vezes aposentadoria precoce. Inúmeras lesões entram nesta classificação, dentre elas podemos citar as etiologias mais frequentes, como as oriundas de traumas graves, as lesões por pressão (escaras), Síndrome de Fournier (infecciosa), as úlceras neuropáticas (em pé diabético e hanseníase) e outras. Classificamos como feridas complexas aquelas que apresentam: extensa perda de pele, quando o paciente lesionado apresenta comorbidades como desnutrição, obesidade, diabetes etc., presença de processo infeccioso e lesões mais graves, podendo atingir estruturas mais profundas como músculos, ossos e tendões. O envelhecimento da população e o aumento substancial de acidentes relacionados ao trânsito (motociclístico imperando as estatísticas) fizeram com que estes tipos de lesões tivessem um crescimento exponencial”.
Segundo Dra. Angela, conduzir adequadamente o manejo destas lesões é fundamental para que a cicatrização ocorra no menor espaço de tempo e que deixe o mínimo de sequela possível. “Para tal, lançamos mão dos avanços tecnológicos disponíveis, tais como Terapia por Pressão Negativa (TPN), que através de efeitos físicos, como o aumento da perfusão, controle de exsudato (secreção) e edema, diminuição do diâmetro da lesão e controle bacteriano, efeitos biológicos como a acelerada formação de tecido de granulação e redução do processo inflamatório local, que antecipam para dias o que levaria meses em um tratamento convencional. As coberturas hidrorresponsivas não só previnem lesões como também as tratam facilitando sua indicação, da remoção do tecido necrótico (Hydroclean) até sua total cicatrização (Hydrotac). As fibras preenchedoras possuem ação hemostática e granulante. É um mundo de possibilidades para se fazer a melhor escolha, o que requer conhecimento profundo da lesão, sua etiologia e em que momento da cicatrização a ferida se encontra. Um tipo de cobertura para cada fase, visando a otimização e o melhor aproveitamento do produto escolhido”.

A enfermeira Dra. Angela Amaral