Como está a audição do seu filho

Uma das grandes preocupações dos pais, ao ver o filho nascer, é imaginar como será o seu desenvolvimento, não é mesmo? Por isso que os bebês, logo depois de nascerem, passam por alguns exames para identificar problemas que não costumam apresentar sintomas imediatos. Entre eles, está a triagem neonatal auditiva, o famoso teste da orelhinha.
O exame, que é feito geralmente no segundo ou terceiro dia de vida do bebê, permite identificar problemas auditivos no recém-nascido e, desde 2010, é determinado por lei que nenhuma criança saia da maternidade sem ter feito o teste. Ainda assim, muitos pais costumam ter dúvidas quanto a esse procedimento, sem saber como lidar caso o resultado não seja satisfatório.
Para abordar o assunto, o Mania de Saúde ouviu a Dra. Eliana Mancini, sócia-proprietária e fonoaudióloga responsável pela Sonoris Campos, que explicou como é feito o exame e como os pais devem se portar em relação a ele. “O teste da orelinha consiste no uso de uma pequena sonda colocada na orelinha do bebê. Ele é simples, rápido, não dói e não causa incômodo algum. E, naturalmente, ele já dá uma resposta, se o bebê passou ou não passou. Aquele que não passou, entretanto, não significa que tenha problema auditivo. Sendo assim, o teste é feito novamente, 30 dias depois do nascimento do bebê”, explica Dra. Eliana. “Por que ele pode não passar? Porque pode haver algum líquido na orelha do bebê, alguma cerinha, alguma coisa que está impedindo essa resposta. Então, muitas vezes, a mãe fica nervosa quando o bebê não passa no teste. Mas isso não quer dizer que ele tenha problema auditivo. Daí a importância de levar a pesquisa adiante”, frisou.
Caso o bebê novamente não passe no teste, segundo a fonoaudióloga, é realizado um outro exame, que se chama BERA, para avaliar a capacidade auditiva de bebês que tiveram resultados alterados no teste da orelhinha, a fim de detectar se há perda auditiva ou não. “A partir daí, o médico vai ver a necessidade de encaminhar esse bebê para outros exames mais sofisticados. Pode acontecer, por exemplo, de o bebê não passar nesse teste da orelinha e no BERA, mas, daí a 30 dias, sair a cerinha, o líquido que estava impedindo a resposta e ele não ter problema. Já quando o bebê é de risco, a mãe teve rubéola, ou ele teve que tomar antibiótico, ele vai ser avaliado com outros olhos”, diz Dra. Eliana. “Se o bebê já passou por toda triagem e apresenta problema auditivo, ele vai ser encaminhado para exames mais sofisticados. Uma vez detectada a perda auditiva, ele vai ser encaminhado para colocar um aparelho auditivo ou para a realização de implante. E, quanto mais cedo, melhor vai ser o desenvolvimento dessa criança, já que a perda auditiva está muito ligada à aquisição da linguagem”.
Por isso é importante que os pais não limitem a pesquisa e fiquem atentos a alguns sinais. “Isso porque o teste da orelinha não exclui a perda auditiva. Se a criança não adquirir linguagem até dois anos de idade, por exemplo, é o caso de se avaliar novamente se essa criança não tem uma perda auditiva. Porque às vezes ela passa pelo teste da orelinha e não é uma criança de risco. Só que ela não desenvolveu a fala até os dois anos de idade. Sendo assim, deve ser feita uma avaliação”.
Para averiguar a qualidade auditiva da criança e ter uma resposta de maior precisão no diagnóstico, conforme lembra Dra. Eliana, é necessária uma audiometria. “A audiometria é um exame que precisa da resposta do paciente. Ele tem que dizer se está ouvindo ou não. Isso exige uma certa maturidade, algo que uma criança pequena não tem. Então, a gente vai observar a criança até os dois anos. Se ela não fala, vai ser feita uma triagem auditiva mais complexa, com exames mais sofisticados para ver o que está impedindo. Pode ser que essa criança tenha uma perda auditiva e é preciso estar sempre observando”, ressalta a fonoaudióloga. “O ideal seria que toda criança, aos seis anos, fizesse uma audiometria, visando esse processo da alfabetização. Isso ajudaria a excluir o fator auditivo em uma não-alfabetização ou encaminhá-la para o tratamento mais adequado se for o caso, garantindo assim um melhor desenvolvimento para ela”.