A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciaram recentemente um plano inovador. Ambas as entidades iniciaram um esforço conjunto para erradicar um dos maiores vilões das mulheres na atualidade: o câncer de colo de útero.
O anúncio, é claro, não poderia ter vindo em melhor hora. Afinal, mesmo sendo uma doença prevenível, curável e com potencial para ser totalmente eliminada no Brasil e no mundo, o câncer de colo de útero, segundo a Febrasgo, ainda apresenta altas taxas de incidência e mortalidade. Segundo o site da instituição, são mais de 570.000 novos casos no mundo a cada ano, levando mais de 311.000 mulheres a óbito. A maioria das mortes acontece nos países com baixo índice de desenvolvimento, como o Brasil, onde o câncer de colo uterino ocupa o terceiro lugar entre as neoplasias malignas nas mulheres, com 15,43 casos por 100.000 mulheres ao ano, sendo o quarto em mortalidade.
A OMS, porém, considera que o câncer de colo de útero só será eliminado quando todos os países mantiverem uma taxa de incidência menor do que quatro casos por 100 mil mulheres. Por isso, no Brasil, a Febrasgo se engajou na responsabilidade de contribuir para as metas previstas a serem trabalhadas até 2030. Daí a importância da adoção da “Estratégia Global para Acelerar a Eliminação do Câncer de Colo do Útero”, da OMS, que é baseado em três pilares essenciais: ampliar a vacinação, rastreamento e tratamento. O motivo é que a implementação bem-sucedida da estratégia poderia reduzir em muito os novos casos da doença e salvar cinco milhões de vidas até 2050.
Para discutir um pouco o assunto e ajudar na conscientização quanto ao problema, o Mania de Saúde procurou a médica ginecologista e obstetra Dra. Leila Werneck, que destacou, a nossa reportagem, alguns pontos importantes para entender a doença. “Falando em câncer do colo do útero, nos dias atuais, o diagnóstico é feito em sua fase precursora em quase 50%, enquanto que, na década de 1990, eram diagnosticados em sua fase mais avançada. As causas estão diretamente ligadas aos fatores de risco, sendo a maior causa a contaminação pelo vírus HPV. Essa contaminação pelo HPV provoca uma mutação genética nas células da região, que começam a se desenvolver de uma maneira descontrolada”, afirma Dra. Leila. “Nem todos os tipos de HPV levam a essa mutação, mas alguns tipos são considerados de risco (16,18,31,33,35) podendo levar ao desenvolvimento do câncer de colo do útero através dos anos quando não são tratados em sua fase precursora”, acrescentou.
A médica ressalta outros aspectos que precisam ser observados em torno do problema. “Fatores de risco como precocidade sexual, grande quantidade de parceiros, presença de outras DSTs, baixa imunológica, tabagismo, obesidade e histórico familiar de câncer de colo do útero aumentam a probabilidade de contrair HPV. Sintomas do câncer de colo do útero inicial não costumam ser evidentes e são detectados pelos exames de rotina femininos. Nos casos mais avançados, podemos ter sangramento vaginal, dor pélvica, dor na relação sexual, anemia, dores generalizadas, problemas urinários e intestinais, perda de peso. A melhor forma de prevenção está em evitar a contaminação pelo HPV usando preservativos, vacinação precoce para HPV preferencialmente antes do início da vida sexual e, finalmente, com o acompanhamento anual pelo ginecologista, que vai avaliar a necessidade de determinados exames de rastreamento e diagnóstico, como o Papanicolau, colposcopia, vulvoscopia, exame de HPV através do DNA (captura híbrida)”, orientou Dra. Leila.
O câncer de colo de útero, como se vê, é um importante problema de saúde pública, mesmo sendo uma neoplasia evitável, com base em medidas de prevenção primária (vacina contra o HPV) e prevenção secundária (exames de rastreamento). Consulte o seu médico e se cuide!


