No jornalismo, na maioria das vezes, o repórter vai atrás da pauta. Mas, como toda regra tem sua exceção, em alguns momentos ela se apresenta para nós. Foi o que aconteceu em nossa redação quando surgiu o assunto Discopatia Degenerativa, através de um laudo de ressonância magnética. Nunca tínhamos ouvido falar do assunto. Então, nossa equipe de reportagem foi ouvir um especialista em coluna para saber do que se trata.
Conversamos, assim, com o médico neurologista e neurocirurgião Dr. Paulo Romano para nos esclarecer sobre o tema. “Se você inverter as palavras, entende melhor o que significa”, afirma Dr. Paulo. “Degeneração discal. Trata-se de um conjunto de situações, que tem um nome usado cientificamente em reuniões de especialistas de coluna, que se chama ‘Cascata Degenerativa’. Justamente porque são coisas que acontecem nesta área do corpo, que tendem a aumentar e que envolvem o disco, a parte óssea, com o surgimento de osteófito (bico de papagaio), as articulações, que também começam a se degenerar, assim como o ligamento e a musculatura. A Cascata Degenerativa tem vida própria, porque está associada à idade, fundamentalmente. Porém, é influenciada por um universo de coisas, como a genética, a alimentação e principalmente a atividade física (ou a falta dela). Da mesma forma que você precisa reabastecer o seu carro com combustível, você tem que ‘reciclar’ a sua coluna todos os dias. Para essa degeneração discal incomodar menos, é preciso atividade física, se preocupando com os músculos da região, que sustentam a coluna. Mas é preciso discernimento e clareza por parte do médico na hora de recomendar o que é mais indicado. Por exemplo, não se pode mandar um paciente de 70 anos de idade para academia ‘fazer fortalecimento muscular’. Isso não existe! Ninguém nessa idade vai desenvolver musculatura. Nesses pacientes, deve-se focar nos exercícios específicos de alongamento. O fortalecimento da musculatura pode e deve ser feito nos jovens, mas sem utilizar pesos. Peso e impacto são os maiores inimigos da coluna. A caminhada, por exemplo, não é indicada, porém, isso pode ser relativo. Tem pessoas que afirmam que, quando caminham, se sentem melhores. Neste caso, o que aconselho é usar tênis e palmilhas adequados que gerem amortecimento do impacto e comunique ao seu médico”.
Se por um lado o termo “degenerativo” assusta, por outro, é possível tomar atitudes que ajudem a nos manter o melhor possível, de acordo com Dr. Paulo Romano. “As pessoas não se preocupam em investir no bem-estar. Um exemplo simples para quem trabalha muitas horas sentado: como é a cadeira que você usa? Não adianta uma cadeira super acolchoada, alta, super ‘confortável’, onde você senta e se esparrama. Um dos principais causadores da dor na coluna é o mau posicionamento. Às vezes você tenta manter uma boa postura, mas a cadeira não deixa. Ela precisa te manter na mesma posição e não ter nenhuma deformidade, te ‘obrigando’ a manter a postura ergonômica, te livrando da dor. Tudo isso está ligado à Cascata Degenerativa, que é algo natural, ligado à idade. É possível criar mecanismos para que existam menos razões para sentir dor. Então, recapitulando os passos: procure o médico. Faça atividade física regular adequada para a coluna (lembrando dos inimigos: peso e impacto), reeduque a postura no seu dia a dia, tenha uma conduta protetiva usando cadeira, colchão e travesseiro adequados, use calçados com amortecimento. Cuide da sua saúde emocional e mental, porque ela é muito importante também para a coluna. Essas recomendações são para a pessoa ficar sem dor. Quando a dor já está instalada, a fisioterapia é o primeiro passo. A medicação também será importante, com anti-inflamatório, miorrelaxante e analgésico, que serão prescritos exclusivamente pelo médico de acordo com cada caso”.