Elas estão mais satisfeitas com os ginecologistas

A saúde da mulher nunca esteve tanto em evidência como na atualidade. Basta notar, por exemplo, o resultado de uma recente pesquisa encomendada pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), apontando que oito em cada dez mulheres estão satisfeitas com o atendimento do atual ou do último ginecologista consultado por elas. A aprovação chega a bater os 93% entre as pacientes da saúde suplementar, de acordo com o órgão.
Para entender um pouco os motivos dessa satisfação, o Mania de Saúde ouviu a médica ginecologista e obstetra Dra. Rachel Tavares, especializada em ginecologia endócrina, infertilidade, reprodução humana, gestação de alto risco, ultrassonografia e ultrassonografia 3D/4D, que destacou a mudança de comportamento do público feminino quanto à ida ao ginecologista e, também, os avanços da área na atualidade. Confira.
Mania de Saúde – Uma pesquisa feita pela Febrasgo demonstra um alto índice de satisfação das mulheres com o ginecologista. Na sua visão, o que tem contribuído para este dado? As mulheres estão mais conscientes da importância deste profissional?
Dra. Rachel Tavares – Vários fatores têm contribuído para as mulheres estarem mais satisfeitas com a consulta ginecológica. O primeiro deles é a própria escolha do ginecologista. Como os planos de saúde agora têm o reembolso, as mulheres estão escolhendo o médico independente se ele faz parte ou não daquele plano. Elas estão procurando o ginecologista que realmente gostariam de ir, por ter mais empatia e confiança, por ter obtido referências sobre ele etc. E, com certeza, cada vez mais as mulheres estão conscientes da importância de ir à consulta ginecológica. Antigamente, elas procuravam mais o ginecologista quando tinham alguma alteração, quando estavam com alguma doença, algum sintoma, mas hoje elas já sabem da necessidade do diagnóstico precoce de câncer de mama, por exemplo, do rastreio de câncer de colo de útero, da importância do preventivo, de ir ao ginecologista de forma rotineira mesmo que não esteja sentindo nada. Até porque o ginecologista é o médico da mulher. Em muitos casos, ele acaba sendo o único médico que a mulher procura. Por isso, cabe ao ginecologista, muitas vezes, fazer um check up geral, para verificar a pressão, consultar o peso, solicitar os exames de rotina, de laboratório, avaliar glicemia, tireoide etc.
Mania de Saúde – Quais são as dúvidas ou os medos mais comuns das mulheres quando vão ao ginecologista?
Dra. Rachel Tavares – O principal medo é quanto ao exame preventivo, se o exame físico é doloroso, se o preventivo incomoda, como ele é feito etc. Mas elas também têm dúvidas se precisam colher o preventivo todo ano, se devem fazer os exames de rotina com essa regularidade. Mas o ideal é que, sim, que sejam anuais. Outro questionamento é sobre quando ir ao ginecologista, se precisam colher o preventivo todo ano mesmo ele vindo normal e quando devem começar a colhê-lo. Nós prestamos todas essas orientações e, geralmente, as dúvidas partem das mães em relação à filha, sobre quando elas devem levá-la pela primeira vez ao ginecologista. O ideal é que as consultas ginecológicas sejam feitas uma vez por ano. Lógico que isso será individualizado, pois algumas consultas serão mais curtas, caso haja alguma alteração. Mas o preventivo também é uma vez por ano e ele começa a ser feito quando se inicia a vida sexual. As pacientes que não iniciaram a vida sexual não precisam colher o preventivo.
Mania de Saúde – Como você analisa o avanço da especialidade nos últimos anos, tendo em vista sua própria formação, que abrange diferentes áreas?

Dra. Rachel Tavares

Dra. Rachel Tavares – A medicina tem avançado muito na atualidade. Então, o médico precisa estar sempre atualizado, sempre estudando, indo aos congressos, lendo os artigos, porque sempre aparece um assunto novo, uma mudança de tratamento, uma mudança de conduta, o surgimento de um protocolo diferente. Às vezes, por exemplo, o que era proibido no passado já é permitido hoje. A medicina avança para facilitar cada vez mais a vida do médico e do paciente, a fim de descobrir as doenças cada vez mais cedo, para a possibilidade de tratamento cada vez mais precoce e eficaz. A medicina se modifica muito rápido e, de um ano para o outro, muitas descobertas são feitas, exigindo que todos nós estejamos atualizados com os novos avanços na área. E, no meu caso, todas as especialidades que tenho se envolvem de alguma forma. Elas não são totalmente distintas. Todas caminham juntas, abrangendo, por exemplo, toda essa parte hormonal da mulher, do início ao fim da vida dela. Mas sempre tenho que estar estudando, me atualizando, me aperfeiçoando e é isso que sempre faço. O mais importante é que não há um protocolo fixo. E, na verdade, nem pode havê-lo, porque tudo é muito individualizado. Cada paciente terá uma conduta diferente, um tratamento diferente, então, é preciso conhecê-la muito bem para saber todas as formas que podemos tratá-la. Daí a necessidade de estar sempre se especializando, porque a medicina avança muito – e sempre muito rápido.