Final do ano e começo do verão, todos já sabem: comilança! Sim, hora de esquecer da balança, aproveitar toda variedade de “remosidade” das ceias.
Ninguém resiste à rabanada oleosa da Tia, ao pavê lotado de leite condensado da mamãe e outros quitutes, nem mesmo sua Vesícula biliar! Três a seis horas após o banquete, começam os sintomas: empachamento (sensação de estômago muito cheio); dor na boca do estômago que aperta forte e irradia para a direita, em direção ao fígado; até dor no ombro pode dar! Isso ocorre quando existem pedras na vesícula e uma dessas pedras obstruem a saída de bile, chamado colelitíase.
A colelitíase ocorre por cálculos que geralmente são de colesterol (oriundos da dieta), ou até por derivados do sangue, após a hemólise (devido à perda de hemácias). A principal maneira de prevenir a formação dos cálculos é através da dieta, mas algumas pessoas têm maior propensão a desenvolver os cálculos. Essas pessoas que têm essa propensão como mulheres, que têm filhos e indivíduos que são sobrepeso ou obesos. A obstrução da Vesícula pode virar uma urgência quando além da obstrução há inflamação e infecção da Vesícula, a Colecistite, sendo aguda no primeiro episódio e crônica quando ocorre de maneira recorrente. Em diabéticos a colecistite costuma ser mais grave, devendo sempre ser operada ao diagnóstico.
Pacientes que possuem cálculos há muito tempo, que possuem inflamação recorrente da Vesícula (colecistite crônica) podem desenvolver câncer de vesícula, que é extremamente agressivo.
Infelizmente, o único tratamento para as doenças da Vesícula biliar é a remoção cirúrgica da Vesícula, claro que por videolaparoscopia (a cirurgia minimamente invasiva – apenas por furinhos).
Pois é, não existe chá de quebra-pedras, mas existe o cirurgião para ajudar a quem precisa voltar a degustar os quitutes natalinos.
Dr. Haroldo Igreja É médico cirurgião oncológico titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica