Café internacional

Tomar um café, sem dúvidas, é uma das grandes paixões dos brasileiros. Afinal, quem recusa aquele cafezinho fresco, bem quentinho, passado na hora e exalando aquele seu aroma tão peculiar? Pois é. A predileção pela bebida, como se vê, já faz parte da cultura nacional. Ainda mais nos dias de hoje, em que a diversidade de cafés e modos de fazê-los permite que o público experimente os mais diversos tipos de sabores e aromas, nas mais diferentes intensidades, tornando a iguaria um item indispensável na rotina – e na mesa – das pessoas.
Basta, para isso, notar o sucesso da primeira edição do Rio Coffee Nation, evento de cunho internacional realizado no fim de outubro e dedicado ao segmento de cafés especiais e orgânicos, que contou com uma grande programação em sua plataforma digital. Os interessados puderam visitar estandes virtuais, conferir palestras de especialistas nacionais e internacionais versando sobre produção, torrefação, métodos de extração dos grãos e diferentes formatos de preparo de café, entre outros temas, além de participar de workshops, apresentações, sala de negócios e diversos outros eventos ligados ao universo do café.
Mas um deles teve um sabor mais do que especial para o Noroeste Fluminense: o resultado da Competição de Melhor Café Torrado para Espresso 2020, que premiou dois cafeicultores da nossa região: o café M.N., de Enio Geraldo Marteline Neles, de 40 anos, de Santa Clara, terceiro distrito de Porciúncula, que ficou em primeiro lugar, além do café Fazenda Pinheiro, do produtor Manoel Felipe Medeiros de Faria, da vizinha Varre-Sai, em segundo lugar.
A organização do Rio Coffee Nation agradeceu aos participantes e ao time de jurados, que se dedicou a julgar todas as amostras concorrentes até chegar ao grande vencedor. Com isso, o café M.N. estará no Paris Coffee Show 2021, no estande do Rio Coffee Nation, na capital francesa, levando para o mundo o sabor da agricultura de nossa região.
O Mania de Saúde ouviu, por telefone, o produtor Enio Geraldo Marteline Neles, responsável pelo café M.N., que destacou a importância do prêmio. “Foi muito gratificante para nós recebermos uma premiação de nível internacional. Isso nos dá ânimo e uma vontade cada vez maior de aprimorar o nosso trabalho”, diz Enio. “Temos participado de vários concursos ao longo dos anos, seja a nível municipal ou estadual, onde vínhamos sempre evoluindo, buscando melhorar cada vez mais o nosso produto. Este ano, especificamente, estávamos um pouco sem expectativas, pois vários concursos foram cancelados devido à pandemia de Covid-19. Mas mantivemos nossa qualidade e fomos seguindo com a nossa rotina. Até que surgiu a oportunidade do Rio Coffee Nation, que a gente não sabia muito bem como ia funcionar, mas nos inteiramos e ficamos muito animados. Enviamos o nosso melhor café e, graças a Deus, ele teve a chance de sair campeão do evento, fazendo com que nossa marca agora seja conhecida fora do país”, acrescentou.
A parceria exclusiva do Rio Coffee Nation com o maior evento de Cafés da França, o Paris Coffee Show, que atrai o mundo dos cafés há 35 anos, possibilitará ao café M.N. ser apreciado pelo público estrangeiro, uma conquista de todo um trabalho familiar que já atravessa gerações. Enio, contudo, ressalta que, mesmo com essa vitória, ainda há muito a fazer pelo café local.
“A receptividade em nosso município está sendo muito boa, a gente está começando a ter o reconhecimento do público, mas ainda há muito a fazer. Até porque estamos no interior e o mercado de café especial, principalmente, está um pouco distante. Em Porciúncula, temos alguns clientes, algumas cafeterias e comércios, mas ainda não é o suficiente. Seria interessante que o comércio regional abraçasse não só o nosso produto, mas a todos os outros produtores da região, porque o café produzido no Noroeste Fluminense tem qualidade. Vários colegas meus, por exemplo, têm muita dificuldade de colocar o seu produto no comércio local. Sendo que há, também, a questão do poder aquisitivo quanto ao café especial, que é um pouco maior. Nossa cidade é um tanto quanto humilde, então, tem muita gente que gosta de um café especial, mas às vezes não consegue comprar. Acabam optando mais pelo nosso café tradicional. Então, há muitos desafios a serem superados, mas seguimos sempre adiante, investindo na qualidade e agradecendo à Emater-Rio, ao SEBRAE e à ASCARJ – Associação dos Cafeicultores do Estado do Rio de Janeiro, que ajudam muito o nosso trabalho e a quem só temos a agradecer”.