Endometriose, tem como tratá-la?

Endometriose, tema frequente ultimamente quando falamos de saúde. A endometriose ocorre pela implantação incorreta do endométrio. O endométrio é o tecido que acomoda o embrião após a fecundação e após o ciclo hormonal feminino, descama produzindo a menstruação. O endométrio recobre a cavidade do útero, chamada cavidade endometrial, onde ocorre a gestação. Até aí, tudo tranquilo. O grande problema é que o endométrio e suas células possuem uma capacidade especial, que inclusive abriga o embrião; elas podem manter contato com diferentes tecidos. O endométrio, quando não está no seu lugar correto, chama-se endometriose. Os focos de endometriose costumam descamar, sangrar e novamente crescer, isso ocorre pelo estímulo hormonal do ciclo hormonal. Esse ciclo fora do local habitual promove inflamação e novos focos de invasão. Devido a esse ciclo, há infiltração de órgãos abdominais e pélvicos pela endometriose, com inflamação local. A inflamação crônica e recorrente leva à fibrose, um tecido duro, sem elasticidade e que preenche locais desvitalizados. A fibrose faz com que o tecido sadio perca função. Agora sabemos o que é a endometriose, o tecido da menstruação fora do seu lugar, provocando inflamação e, por fim, fibrose dos pontos acometidos. O local mais acometido é a pelve, a pelve é um entroncamento de órgãos das vias urinárias, genitais, fecais, e todo o suprimento vascular e nervoso para os membros inferiores. A endometriose pode acometer qualquer dessas vias e comumente acomete várias ao mesmo tempo. O acometimento genital leva a dores cíclicas, durante o período menstrual, relações sexuais e em alguns casos até à infertilidade. O acometimento da via fecal ocorre frequentemente, se manifestando por sangramento retal, dor à evacuação e constipação. O acometimento de nervos são os mais complexos, pois funcionam como um fio desencapado dando curto-circuito. A diversidade de sistemas acometidos, a complexidade biológica e a alta taxa de recidiva (retorno) da endometriose, a tornam um grande desafio médico. O tratamento é multidisciplinar, envolvendo diversas especialidades orquestradas pelo ginecologista, para tratamento do ciclo hormonal, planejamento familiar e quando houver necessidade, atuando com outras especialidades cirúrgicas para tratar localmente a endometriose. Não é fácil, não é simples, mas a endometriose tem jeito.