A pandemia da Covid-19 transformou a vida de todo o mundo. Mas poucas mudanças foram tão drásticas quanto a que ocorreu no campo da educação. Afinal, desde o início da pandemia, o novo coronavírus fez com que mais de 1 bilhão de estudantes ficassem fora da escola em mais de 160 países, de acordo com relatório do Banco Mundial, divulgado pelo Instituto Ayrton Senna. Nesse contexto, muitos países adotaram o fechamento total de escolas e universidades, enquanto outros tomaram essa medida apenas em zonas consideradas de risco, deixando abertas poucas instituições.
No Brasil, segundo o Instituto, o fechamento total de escolas foi a opção encontrada pela maior parte dos governos estaduais e municipais como forma de reduzir as chances de que os estudantes se tornassem vetores do vírus para suas famílias. Mas isso trouxe uma série de desafios para os mais diferentes profissionais da educação, que se viram diante de uma realidade complexa, provocando diversas mudanças na organização pedagógica – e financeira – de cada escola.
Para abordar o assunto, o Mania de Saúde ouviu a professora Carla Denise Ribeiro Rodrigues Crespo, Coordenadora da Educação Infantil da Yellow Sub Bilingual Preschool. Ela explica como as instituições têm se portado diante desse novo cenário. “Com a debandada de alunos, as escolas de educação infantil correm o risco de desaparecer na pandemia. Sabemos o quanto se faz necessário para as crianças a interação social e a convivência com outras crianças. Isso é válido para qualquer idade. Entretanto, nos primeiros 5 anos de vida, as crianças estão se desenvolvendo de forma ímpar em todos os aspectos, de modo que a privação de contato com outras crianças gera lacunas em um momento delicado, uma vez que essas experiências são responsáveis por formar as estruturas física e psíquica do ser humano. É através das interações das crianças com outras crianças que se desenvolvem funções como a autorregulação, a capacidade de controlar os próprios impulsos, de direcionar os desejos, bem como o processo de individuação, bases para todo desenvolvimento e aprendizado futuro”.
Segundo a coordenadora, apesar disso, nesse tempo de distanciamento social, tida como melhor medida de proteção, as escolas precisaram rapidamente se adaptar à nova realidade. “Com relação à Educação Infantil (0 a 5 anos), se fez necessário aderir às atividades remotas, mesmo em meio a um certo desconforto, por ser de conhecimento geral que o contato de crianças pequenas com tecnologias digitais, além de pouco eficaz, é fortemente desaconselhado por especialistas da saúde e educação. Porém, diante deste novo cenário houve a necessidade das professoras se reinventarem, adotando vídeos e aulas online como instrumentos de trabalho. Dentro desses moldes, a Yellow Sub tem desenvolvido atividades diversas, tais como: kits com atividades impressas, vídeos explicativos, aulas online, entrega de ‘Bolsa Brincante’, Drive Thru, entre outras. Tudo isso visando preservar os vínculos da escola com as famílias e das crianças com seus professores e colegas. Tais atividades à distância organizam a rotina, a criança fica mais calma e mais centrada, melhor do que se não tivesse nada para fazer. Por isso, não acredito que seja justo julgar o trabalho das escolas, que têm lutado bravamente, em muitos casos, para manter sua sobrevivência”.
Carla lembra, nesse contexto, a importância do engajamento das famílias. “Precisamos, mais do que nunca, do apoio dos pais, nesse momento tão delicado. Quem não teve sua renda abalada deveria entender a importância de permanecer com o filho na escola. Isso mostra o dever de um bom cidadão. Afinal, se a escola de Educação Infantil acabar, quando tudo isso passar, onde os pais colocarão os seus filhos?”, questiona ela. “Orientamos os pais que manter o filho na escola é um investimento, mesmo na situação atual. Apesar de todo esse cenário, faço votos para que nossos educadores, mesmo que sem muito apoio, não se cansem de trabalhar, para regar e manter vivos seus pequenos jardins, pois eles são a esperança de que um dia tenhamos um mundo melhor para todos”.