O novo coronavírus continua infectando pessoas em todo o mundo e o trato respiratório é um dos locais mais prejudicados pela doença. Nesse contexto, a fisioterapia respiratória tem sido uma grande aliada na recuperação de inúmeros pacientes, exercendo um papel fundamental na etapa seguinte à Covid-19, contribuindo para que o indivíduo consiga melhorar a sua capacidade respiratória e, assim, retornar às suas atividades de vida diária.
Em Campos dos Goytacazes, por exemplo, diversos pacientes pós-Covid-19 já começam a buscar esse tipo de serviço, que tem sido recomendado pelos próprios médicos nos diferentes hospitais da cidade. A Dra. Gleicy Faria, proprietária da Fisiomais, conta como tem sido esse trabalho, uma vez que a clínica tem recebido alguns pacientes que já passaram pelo problema.
“Hoje, na clínica, temos sete pacientes pós-Covid-19, inclusive uma médica de Campos, que atua na linha de frente em um dos nossos hospitais. Para se ter uma ideia, ela chegou para a gente com 75% do pulmão comprometido, mesmo sendo uma paciente nova, que mantinha uma vida mais saudável. Assim como temos pacientes com 73 anos, 85 anos, que precisaram ficar em UTI e tiveram a parte musculoesquelética bastante atingida. Portanto, são diferentes tipos de pacientes, em que a gente precisa reabilitar tanto a parte musculoesquelética, quanto o trato respiratório, sem deixar de dar atenção também à parte psicológica, pois são pessoas que, dependendo da gravidade da doença, tiveram o psicológico abalado. A gente acaba incentivando todos eles nesse processo para poder fazer uma reabilitação de qualidade e proporcionar, assim, uma melhor qualidade de vida para todos eles”, afirma Dra. Gleicy.
Ela conta como é feita a primeira abordagem com o paciente pós-Covid-19. “A clínica recebe o paciente pós-Covid-19 para reabilitação respiratória, apresentando lesões pulmonares. Com isso, há uma dificuldade de trocas gasosas, acarretando problemas no funcionamento fisiológico do corpo. A Fisiomais dispõe de tratamentos com recursos fisioterapêuticos necessários para a reversão deste quadro. Na fisiologia pulmonar temos uma área de complacência importante, que, com a deficiência respiratória, pode gerar uma hipóxia, devido a uma baixa na saturação de oxigênio, repercutindo no mau funcionamento cardíaco, já que, com o Covid-19, há dificuldade de eliminação de gás carbônico, devido também à coagulação sanguínea e ao mau funcionamento do sistema renal, responsável por eliminar grande parte desse gás carbônico, gerando muitas vezes uma arritmia cardíaca. Até porque coração e pulmão andam juntos e reabilitando um, reabilitamos o outro”, lembra Dra. Gleicy.
Ela frisa, ainda, que a fisioterapia respiratória possui uma série de protocolos específicos para o paciente, indo muito além da realização de exercícios. “Para fazer a reabilitação, esse paciente vai precisar ser monitorado o tempo inteiro, já que estamos lidando com saturação de oxigênio, frequência cardíaca, capacidade respiratória, que exige cuidados especializados, e, em alguns casos, necessitando até de aporte de oxigênio, devido à baixa da saturação, junto à utilização de suporte respiratório não invasivo, pois, para vencer a resistência elástica desse paciente, é necessário a utilização da associação da oxigenoterapia com o suporte de respiração não invasiva com baixas pressões, o chamado CPAP, que exerce um papel importante na complacência pulmonar. Além de ter em mãos os exames de gasometria, exame de sangue, tomografia computadorizada, RX, para traçar um tratamento personalizado de acordo com as respostas fisiológicas de cada paciente. Tomando cuidado sempre com o risco de trombose. Logo, podemos ver que é um paciente que precisa de muita atenção, sendo tratado com profissionais habilitados para ter um tratamento com qualidade e segurança”.