A gestação é um momento repleto de anseios e de dúvidas para a maioria das mulheres. Até aquelas mães que se encaminham para uma nova gravidez, por exemplo, não deixam de ficar apreensivas em relação à própria saúde e, claro, a do seu tão esperado bebê. Nesse contexto, é natural que as mulheres se cerquem de todos os cuidados possíveis, a fim de garantir uma gestação de qualidade. Mas, agora, todas elas ganharam um motivo a mais para se resguardar na busca por uma gravidez tranquila: a pandemia do novo coronavírus.
Isso porque a prevalência do Covid-19, em todo o mundo, tem alterado bastante a rotina das grávidas, exigindo uma série de precauções no dia a dia. Para abordar o assunto, o Mania de Saúde ouviu a médica ginecologista e obstetra Dra. Leila Werneck, que alertou para a influência do Covid-19 na saúde da gestante. “Um grande problema vivido hoje pela população em geral é, sem dúvidas, a Covid-19, que é uma coisa nova, sobre a qual há pouca informação, a ponto de a comunidade científica ainda estar engatinhando quanto a uma solução para o problema. Por isso todos têm que se precaver. E, no caso da gestante, por ela ser uma pessoa que tem a parte imunológica muito mais comprometida do que a população em geral, é preciso redobrar os cuidados, porque nós estamos lidando com um binômio: a gestante e o feto, aumentando então a necessidade de prevenção”, diz Dra. Leila. “Até porque existe a transmissão horizontal, que ocorre pelo ar, pela transmissão por gotículas, de pessoa para pessoa, em que a gestante pode se contaminar até na hora do parto se não houver esse cuidado, mas há também os riscos da chamada transmissão vertical, da mãe para o filho, que pode passar durante a gestação ou durante o trabalho de parto”, destacou.
No mês passado, por exemplo, dois novos estudos feitos na Itália e na França sugeriram que gestantes infectadas pelo Sars-CoV-2 poderiam transmitir o vírus para o feto. Os pesquisadores pretendem revisar e aprofundar as análises para encontrar respostas mais concretas, mas, apesar de a comunidade científica ainda estar buscando sanar essas dúvidas, Dra. Leila aponta para uma certeza: a necessidade de encarar o momento com tranquilidade. “Isso porque a parte psicológica é uma das que mais estão sendo afetadas pela pandemia do Covid-19, não só na gestante, mas na própria população”, afirma a médica. “É importante ressaltar isso porque a gestante, em geral, já tem o psicológico um pouco alterado, pelos medos inerentes à própria gestação. Ela sempre fica insegura, temendo, por exemplo, uma pressão alta, uma pré-eclâmpsia ou um diabetes gestacional – mas, agora, ainda veio uma pandemia, que caiu de paraquedas para todo mundo, sem que exista uma solução concreta. A única coisa que existe é a prevenção e a necessidade de isolamento. Isso tudo gera insegurança para a gestante. Porém esse estado psicológico não é bom para ela na gestação”, alerta Dra. Leila, comentando como algumas grávidas têm se comportado na pandemia. “A gestante, em geral, sente falta de ar, pelo próprio volume uterino. Mas, agora, ela já começa a achar que é por Covid-19. Se ela tem um resfriado ou uma dor de garganta também acha que está com a doença. Essa parte psicológica da gestante, portanto, foi muito comprometida e é preciso ter muita atenção quanto a isso”.
Dra. Leila ressalta, nesse sentido, algumas orientações importantes para as futuras mamães. “A recomendação para as pacientes que estão grávidas, ou recém-grávidas, é procurar manter a tranquilidade, tomar todas as precauções possíveis, mas sem deixar de viver o momento mágico da gestação, porque, se ela levar esse medo aos extremos, ela vai ter uma depressão, ou uma depressão pós-parto, podendo agravar ainda mais esse estado psicológico”, comenta. “A gestante deve continuar fazendo o seu pré-natal, com toda a qualidade possível, porque o médico vai orientá-la e passar todas as informações de que ela necessita, evitando que ela caia em fake news. Este, aliás, é um grande problema da atualidade, porque as pessoas estão ficando muito tempo em casa e acessando demais esses conteúdos alarmantes das redes sociais, mas isso é péssimo para a gestante. Ela tem que saber filtrar muito bem o que serve e o que não serve para ela. O importante, portanto, é a gestante se prevenir, se informar com o médico dela, fazer o isolamento social, mas de forma solidária, comprometida, com muita responsabilidade, sem apavoramento ou terror, porque isso só vai prejudicá-la. Seguindo as orientações de um profissional competente ela vai se eximir de riscos maiores e garantir uma gestação de qualidade”.