Como você está se alimentando nessa quarentena?

Em tempos de confinamento, onde os passeios à rua, a ida ao trabalho e os exercícios físicos ficaram restritos, a cozinha e a despensa viraram o point do momento. E o assunto mais falado entre as pessoas nas redes sociais, televisão e vários estudos científicos é sobre o ganho de peso, o consumo excessivo de alimentos calóricos e álcool. Recentemente, um estudo de revisão com 24 artigos publicados no Jornal “The Lancet”, pelo Imperial College, Londres, alerta sobre “o impacto psicológico da quarentena ser amplo, substancial e duradouro”.

Nossa reportagem conversou com a nutricionista Eliane Souto, que afirma: “É normal que, nesse momento de incertezas que estamos vivendo, a perda do emprego ou de recursos financeiros, informações contraditórias, acabem disparando o principal gatilho desse processo todo: o estresse, que interfere no psicológico, na rotina do dia a dia e na alimentação principalmente”, diz a nutricionista, explicando como isso funciona em nosso cérebro. “O estresse libera os hormônios cortisol, adrenalina e noradrenalina Em momentos de medo, nervosismo, ansiedade e depressão, esse desequilíbrio hormonal gera o aumento da fome, o desejo por alimentos a base de carboidratos, com alta densidade calórica, que remetem ao conforto e ao aconchego. Com isso, vem o comer não por fome fisiológica, mas o comer para buscar alívio e a procura maior é sempre por alimentos açucarados, calóricos e palatáveis. Esses alimentos elevam outros tipos de hormônios, a dopamina e a serotonina, que são neurotransmissores que atuam no sistema de recompensa, prazer e bem-estar, que são sensações momentâneas e que vão tornando-se repetitivas, criando um ciclo vicioso na busca desses alimentos”.

Eliane explica ainda quais alimentos as pessoas ansiosas devem evitar. “Neste momento, deve-se evitar restringir a alimentação de forma exagerada, com o propósito de perder peso ou por falta de tempo, que podem gerar transtornos como compulsão e estresse, influenciando de forma negativa no bem-estar mental. As pessoas que têm autonomia na hora da escolha dos alimentos, que não se sentem pressionadas e não têm aquela visão padronizada da dieta, tendem a não exagerar na hora de fazer suas escolhas alimentares. Quando você entende que possui o poder de escolher refeições mais saudáveis, esse processo irá ocorrer de forma mais equilibrada Concluindo, minha sugestão é que evitemos alimentos industrializados, processados, refinados, açucarados, gordurosos e álcool, ou consumi-los esporadicamente e em pequenas quantidades Quando optamos por uma alimentação saudável e colocamos no prato alimentos fontes de proteínas, carboidratos do bem, fibras, vitaminas e minerais, o organismo começa a produzir hormônios que vão gerar satisfação e bem-estar. Ou seja, quanto maior for nossa relação saudável com a comida, mais prazer e satisfação sentiremos. É muito importante termos uma alimentação balanceada, variada e bem colorida. Se você está acostumado a comer a mesma coisa todos os dias, está na hora de repensar o cardápio. A estratégia para uma alimentação que alivie o estresse, em primeiro lugar e mais importante, é optar por uma alimentação in natura, com alimentos fontes de triptofano, selênio, magnésio, cobre, ômega 3, zinco, vitaminas do complexo B, vitamina C e flavonoides, capsaicina, fibras, proteínas e probióticos. Alguns alimentos fontes desses compostos, que ativam os neurotransmissores responsáveis pelo bom humor e sensação de felicidade. Leite, ovos, carnes magras, atum, salmão, sardinha, linhaça, chia, aveia, banana, abacate, oleaginosas, pimenta, chocolate meio amargo, cacau, tofu, frutas cítricas, vegetais, alimentos integrais, mel, kefir e kombucha, sendo esses três últimos os grandes regeneradores da nossa flora intestinal, pois sabemos que o nosso intestino é considerado o ‘nosso segundo cérebro’, onde são produzidos grande parte das nossas células da imunidade, e a dopamina e a serotonina, dois neurotransmissores super importantes para a sensação de prazer e bem-estar”, explicou.

Que tal seguir as dicas da nutricionista e transformar de vez o seu cardápio?

A nutricionista Eliane Souto alerta sobre a importância de controlar a ansiedade e focar na alimentação saudável e dá algumas dicas imperdíveis na matéria acima