O comunismo só se sustenta pelo populismo

“Muitos comunistas nem sabem que são comunistas”. – Carlos Fonseca.

A opção dos populistas pelo populismo decorre sempre de sua imensa ignorância. Daí o comunismo deles se aproveitar para nos impingir como verdade a possibilidade de se instalar no mundo favoravelmente ao ser humano o mentiroso governo do proletariado. Quando, na verdade, como a história nos demonstra, os comunas que dirigiam ou que ainda estão dirigindo tais governos são tão ciosos de suas vantagens individuais como a alta burguesia! E tudo isto me veio à mente preso no meu apartamento pela pandemia, porque uma figurinha de opereta me telefonou querendo saber a razão de me ter tornado um anticomunista de carteirinha.
O telefonema decorreu, porque poucos dias antes da pandemia nos prender em casa, eu o inquiri cordialmente, numa mesa de bar, as razões dele ser comunista. E por não ter me respondido convenientemente, suscitou boas gargalhadas dos outros integrantes da reunião de pessoas curtindo alguns momentos de folga com um pouquinho de álcool. Sendo bom frisar que ao receber o telefonema do dito-cujo a me fazer tal pergunta, não tergiversei em dizer que por ser cristão sou levado a abominar o comunismo, mas não os comunistas, embora sempre ficar com pé atrás, com desconfiança, com reserva, no que diz respeito aos seus dirigentes, em face do percurso abominável da história dos regimes comunistas. Mas não concordando de maneira alguma com qualquer ato de violência perpetrado contra eles. E, sobretudo, contra os pobres coitados, que enganados pelos comunas, entram em sua seara criminosa tão imbecilmente, que chegam a confundir Hegel com Engels, como foi o caso do meu interlocutor.
E fui além lhe relatando que o meu anticomunismo resulta também de ser um ardoroso defensor do direito de propriedade. Chegando a concordar plenamente com o sociólogo e sacerdote Fernando Bastos de Ávila a nos alertar que “o homem se realiza melhor, desenvolvendo mais sua iniciativa, exercendo mais eficazmente a sua liberdade, trabalhando com mais estímulo, contribuindo melhor para o desenvolvimento da nação, quando possui certas coisas – casa, terras, máquinas, fábricas, etc, – como próprias. Mas, isto não quer dizer que uma minoria possa acumular todas as riquezas, em detrimento dos seus semelhantes”.
E deixei claro que Karl Marx, o filósofo criador das bases da doutrina comunista, era extremamente contraditório, pois como pensador hegeliano afirmava que “no bojo de toda sociedade há o germe da contradição que a levará para frente”, logo o choque de interesses de cada um de nós é que faz movimentar toda sociedade. Todavia, como político acenava, embora nas entrelinhas, a possibilidade de o governo do proletariado levar o povo a uma felicidade permanente, sem qualquer choque de interesses. E com isso jogando no lixo a dialética de Hegel. Tudo isto me leva a crer que o comunismo seria apenas um sonho, se não fosse, na verdade, um horroroso pesadelo anti-humano. E não fui adiante no bate-papo, porque o meu interlocutor desligou o telefone.