Médicos que marcaram a história de nossas letras

O médico Dr. Welligton Paes

O poeta inglês Samuel Taylor Coleridge cravou seu nome na história da literatura por diversas obras que o fixaram como um dos precursores do romantismo na Inglaterra. Mas ele também se tornou célebre quando alardeou, em um de seus livros, que “o melhor médico é aquele que mais esperança inspira às pessoas”. Desde então, a frase vem sendo citada por médicos do mundo inteiro, sugerindo, nas entrelinhas, um elo não tanto aparente, mas, ainda assim, perceptível, que liga a prática da boa medicina com o humanismo típico da literatura.
Essa simbiose parece ter repercutido, em Campos dos Goytacazes, na sensibilidade dos médicos Dr. Welligton Paes e Dra. Vanda Terezinha Vasconcelos, presidente da Academia Campista de Letras. Ambos anunciaram, recentemente, a preparação de um livro, onde contarão a história de médicos que pertencem ou pertenceram à Academia Campista de Letras, destacando a trajetória de diversos profissionais cujo exercício da medicina também se vertia nas tintas das palavras.
“É uma satisfação enorme poder realizar um trabalho desse tipo”, disse Dr. Welligton, em conversa com a reportagem do Mania de Saúde. “A Dra. Vanda incentivou bastante essa abordagem. Até porque, nos eventos da Academia ou da Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia, sempre estamos ressaltando a memória dos médicos da nossa cidade, destacando como eles ajudaram a desenvolver e a dignificar a profissão, com trabalhos que até resultaram em livro. Agora, queremos dar ênfase a essa ligação de médicos com a ACL, para a qual fizemos um breve resumo para iniciarmos o preparo da obra, cuja previsão é ser lançada no ano que vem”.
No prospecto referido por Dr. Welligton, aliás, foi incluído um trecho que já revela, por si só, a forte ligação dos médicos de Campos com a entidade. “Há 70 anos, em julho de 1949, o nosso colega Barbosa Guerra, um dos maiores memorialistas da planície, dizia, em um discurso na SFMC: ‘Atualmente, na Academia Campista de Letras, os médicos ocupam a maioria das cadeiras’, citando o próprio e mais outros nomes que serão biografados no nosso trabalho”, escreveu o médico.
Desses profissionais que pertencem ou pertenceram à Academia Campista de Letras, como membros efetivos, os pesquisadores chegaram aos nomes de Abelardo do Nascimento Vasconcelos, Acyr Bello de Campos, Alberto José Sampaio, Antônio Pereira Nunes, Antônio Roberto Fernandes, Dióscoro Vilela, Ewerton Paes da Cunha, Henrique Meirelles Caspary, Jamil Ábido, José Felix de Sá, Manuel Alberto Barbosa Guerra, Mário Ferraz Sampaio, Nilson Cardoso de Souza, Oswaldo Luiz Cardoso de Melo, Renato Alves Moretto, José Rufino de Carvalho Filho, Sebastião José Siqueira, Vanda Terezinha Vasconcelos, Walter Siqueira, Welligton Paes e Wilson Paes.

Dra. Vanda Terezinha Vasconcelos, presidente da Academia Campista de Letras

No resumo feito por Dr. Welligton, ele conta como chegou a esses nomes. “Em 2018, solicitei ajuda ao Presidente da época da ACL, Herbson Freitas, com certeza, o acadêmico que mais conhece sobre a história da nossa Academia, desde o tempo do Presidente Godofredo Tinoco, mesmo antes de ser acadêmico, ele era um frequentador assíduo, ora como convidado, ora como membro efetivo da Academia Pedralva de Letras e Artes, e ora como admirador das palestras ali realizadas. Ele nos forneceu uma lista de médicos e informou que a ACL, infelizmente, não possui, na sua secretaria, nenhum documento que contenha a admissão de sócios. Nós sabemos que, na gestão do Professor Américo Rodrigues da Fonseca Filho, cuja posse ocorreu em julho de 1984, com o objetivo de minimizar uma leve crise e ativar o quadro de sócios, resolveu convidar algumas figuras ligadas à cultura e à história de Campos. Não houve eleição, foram convidados. Eu sou um deles e costumo afirmar que não fui eleito, entrei pela ‘janela’. Ao contrário, a Dra. Vanda Terezinha Vasconcelos, minha parceira neste trabalho, foi eleita democraticamente, e, por sinal, minha afilhada”, relatou.
Com a realização desse trabalho, Campos terá um meio a mais para resguardar parte de sua memória, na esperança de que sirva de exemplo para outras iniciativas que comunguem do mesmo objetivo, virando referência para as próximas gerações.