Uma das grandes preocupações das autoridades de saúde, neste momento de pandemia, é a quantidade de pacientes que acabam negligenciando diagnósticos ou tratamentos importantes nas mais variadas especialidades médicas. Isso para não falar dos próprios cuidados quanto ao Sars-CoV-2, o vírus causador da Covid-19, que precisam de atenção em diferentes contextos de saúde. Um exemplo é a área da oftalmologia. Afinal, os olhos também são uma porta de entrada importante para o vírus e, por isso, exigem um cuidado ainda maior por parte do público.
Para abordar o tema, o Mania de Saúde ouviu o médico oftalmologista Dr. Henrique Amorim Fernandes, que revelou alguns detalhes importantes sobre a relação entre a Covid-19 e a oftalmologia. “Quando alguém com coronavírus tosse, espirra ou fala, partículas de vírus são espalhadas no ar e se depositam nas superfícies próximas. Essas partículas penetram no corpo de outras pessoas, que passam a ficar infectadas também, pela boca, nariz e olhos. Um indivíduo pode ser infectado tocando o rosto (inclusive os olhos) depois de tocar em algo que contenha o vírus. Além disso, o coronavírus pode causar conjuntivite em 1 a 3% dos casos e um estudo prévio brasileiro, realizado na Unifesp e publicado na revista britânica ‘The Lancet’, mostrou que a infecção pelo novo coronavírus pode causar lesões anatômicas na retina detectadas pelo exame de tomografia computadorizada ocular (OCT), além de microhemorragias detectadas no exame de fundo de olho. Devemos lembrar que se a conjuntivite for causada por um vírus ou bactéria, ela pode se espalhar se alguém tocar na secreção ou na lágrima que escorre dos olhos ou tocar em objetos contaminados pela secreção ou lágrima”, alertou o médico. “A recomendação é evitar coçar os olhos e, se for usuário de lentes de contato, lembrar-se de limpá-las e desinfetá-las diariamente, embora seja desaconselhável o uso das lentes de contato em pacientes suspeitos ou confirmados de Covid-19”.
Mas não são apenas esses cuidados que precisam ser difundidos nesse momento. Afinal, os problemas oculares continuam prevalentes na população, independentemente da pandemia. Um exemplo são os pacientes que necessitam de Cirurgias de Catarata e Refrativa, para garantir uma melhor saúde ocular. “As alterações anatômicas do olho que causam erros refrativos como miopia, hipermetropia e astigmatismo são geralmente corrigidas com a aplicação do Excimer Laser sobre a superfície da córnea do paciente. É uma cirurgia rápida e indolor, sendo indispensável um bom planejamento pré-operatório para se conhecer as características do olho a ser operado e também o perfil psicológico do paciente”, diz Dr. Henrique.
Segundo ele, atualmente, a cirurgia de catarata transformou-se também numa das principais técnicas de correção refrativa para muitos pacientes, principalmente após os 50 anos, quando grande parte da população já possui algum grau de esclerose do cristalino (catarata) e perda de transparência. “A oftalmologia dispõe, na atualidade, de uma grande variedade de lentes intra-oculares que são implantadas ao final da cirurgia de catarata e que possibilitam ao paciente obter boa visão para longe e perto (Implantes Multifocais), além das lentes tóricas que corrigem o astigmatismo, geralmente abolindo o uso de óculos. Dessa forma, operar catarata não é mais somente remover o cristalino opacificado, mas, principalmente, devolver ao paciente a boa qualidade de sua visão e, se possível, a multifocalidade do seu olho, ou seja, visão nítida em diferentes distâncias”.
A moderna cirurgia de catarata (Facoemulsificação), segundo o médico, trouxe inquestionáveis benefícios para os que dela necessitam, através de internações rápidas, anestesia tópica e recuperação da visão algumas horas após o ato cirúrgico. “O aperfeiçoamento das lentes intra-oculares implantadas durante a cirurgia substituindo o cristalino opaco se associa aos avanços da técnica cirúrgica, com realização de incisão milimétrica e consequente menor agressão ao olho, proporcionando assim melhores resultados”.

Texto produzido em: 08/06/2020